SOBE SOM –TRILHA ABERTURA
LOC: Olá, sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou Jalila Arabi e comigo está o presidente da Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), Vitor Puppi. Nós vamos conversar sobre reforma tributária, assunto que voltou a ter destaque no Congresso Nacional e no governo federal.
Vitor Puppi, obrigada por nos receber.
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“Obrigada a você, Jalila, obrigada ao portal. É muito importante para as capitais, especialmente para as secretarias de Fazenda de todas as capitais de todo o Brasil, participarem de todo o contexto da reforma.”
LOC: Vamos começar falando da reforma tributária, assunto que voltou a ser discutido com mais força nas últimas semanas. Queria que o senhor começasse explicando para quem nos acompanha em que pé está a proposta e o que a Associação defende como uma reforma positiva para os entes municipais.
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“Hoje nós temos duas propostas que estão tramitando juntas no Congresso, a PEC 45, apresentada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que cria o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), e a PEC 110, que foi mentalizada pelo ex-deputado (Luiz Carlos) Hauly. Essas propostas, do ponto de vista das finanças municipais, trazem problemas. Em primeiro lugar, porque elas retiram a competência tributária dos municípios em relação ao seu principal tributo, que é o imposto sobre serviços.
E qual o problema de se retirar competência tributária? O problema é que os municípios ficam de carona ou com a União ou com os estados. Isso é ruim porque o dinheiro tem que ‘ear’ mais. Então, imagina os municípios terem que depender de lobby no Congresso para conseguir mais recursos ou de comitê composto pelas 27 unidades federativas, mais União, mais municípios, o que dificilmente resolveria a situação do País. Ou, pior ainda, depender de recursos de compensação de um fundo.”
LOC.: O que o senhor consideraria, então, uma proposta viável?
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“O que as capitais hoje apoiam: uma proposta chamada Simplifica Já, que é a simplificação imediata dos tributos federais que estão aí, a exemplo do que tem se discutido com a CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços) que o governo apresentou agora; a unificação de todo o ICMS em um tributo nacional de competência dos estados; e a simplificação do ISS dos municípios.”
LOC.: E como a reforma tributária vai ser sentida na ponta?
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“Temos que separar em duas visões: a primeira do contribuinte e a segunda do cidadão que ‘toma’ serviços públicos. São duas perspectivas diferentes.
Existe um fetiche da simplificação em um tributo único, que seria muito bem-vindo se fosse justificado e possível. Acreditamos que o contribuinte, hoje, com a unificação das legislações estaduais (o ICMS) com a legislação federal (o PIS/Cofins/IPI/ISS), já teria uma carga muito reduzida de obrigações órias e teria uma vida mais simplificada enquanto contribuinte.
Do ponto de vista do cidadão, é mais preocupante, porque quando pensamos em retirar poder tributário dos municípios, retiramos serviços públicos da população. Como os municípios vão prestar serviços de guarda municipal, por exemplo, que faz uma parte importante? Como isso vai continuar sem recurso? E na saúde, durante a pandemia? Os municípios assumiram, com auxílio do governo federal, uma parte significativa das frentes de combate à pandemia. Isso custa dinheiro. Se nós retirarmos essas competências, esse dinheiro, fica muito mais difícil a prestação dos serviços públicos à população.”
LOC.: Outra demanda municipalista que vem sendo defendida pela Abrasf é a flexibilização dos gastos mínimos com educação em 2020, que inclusive será discutida com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Por que a necessidade de flexibilizar na educação e não em outras áreas também?
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“Os municípios têm cumprido os 25%, limite constitucional mínimo para gastos com educação. Nesse ano, as escolas aram boa parte do ano letivo fechadas. Isso significa que os municípios têm menos despesas, um custeio menor na educação que existia em 2019, por exemplo. Por outro lado, há um acréscimo muito grande de despesas na área da saúde e assistência social. Então, os municípios têm pleiteado que os 25% sejam flexibilizados para evitar um artificialismo para atingir esse valor. É muito mais saudável que não se obrigue a gastar, já que as escolas estão fechadas, e que voltemos à situação de normalidade a partir de 2021. Por que não em outras áreas? Porque os municípios só têm limites mínimos na saúde, de 15%, e na educação, de 25%.”
LOC: É isso. Nós conversamos com o presidente da Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), Vitor Puppi. Muito obrigada pela participação no portal Brasil 61.
TEC./SONORA: Vitor Puppi, presidente da Abrasf
“Eu que agradeço, Jalila, muito obrigado. Estou à disposição do portal.”
LOC: O Entrevistado da Semana fica por aqui. Obrigada pela sua audiência e até a próxima. Tchau!
SOBE SOM – Trilha Encerramento