LOC: As contas públicas brasileiras podem ar por um “déficit substancial” em 2021 devido à pandemia do novo coronavírus. A estimativa é de que o rombo seja superior a R$ 233 bilhões, equivalente a 3% do PIB. A projeção foi feita pelas consultorias de Orçamento do Senado e da Câmara dos Deputados e publicada na última quarta-feira (30).
Por conta das medidas adotadas para o enfrentamento ao novo coronavírus, que já atingiu a marca de quase cinco milhões de casos confirmados, a conta deve ultraar o equivalente a 12% do PIB neste ano. O presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), César Bergo, comenta que o déficit para esse ano estava previsto para cerca de R$ 150 bilhões. Com a doença, o cenário foi agravado e hoje a dívida pública corresponde a quase 100% do PIB. Para o economista, o cenário para os próximos anos não é muito animador.
TEC./SONORA: César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF)
“Deve aumentar esse déficit para cerca de R$ 250 bilhões e alguma recuperação poderá ser notada a partir de 2024, 2025, porque, até lá, vamos viver com os reflexos dessa pandemia, que não foram poucos. Só com o surgimento de uma nova vacina é que podemos aguardar uma melhora substancial nos números das finanças públicas.”
LOC.: Para o vice-presidente do Sindicato dos Economistas do estado de São Paulo e conselheiro do Conselho Regional de Economia do estado de São Paulo, Gilson Garófalo, a pandemia deixou marcas profundas na economia dentro das previsões do governo para esse ano. Ele explica que as receitas estão diretamente ligadas ao nível de atividade econômica.
TEC./SONORA: Gilson Garófalo, vice-presidente do Sindicato dos Economistas do estado de São Paulo e conselheiro do Conselho Regional de Economia do estado de São Paulo
“Tivemos uma queda da atividade econômica, que agora começa a dar algum sinal de recuperação, já que, no transcorrer de seis meses, esse nível esteve bastante prejudicado. Evidentemente, as arrecadações do governo, por meio dos vários tributos, impostos e taxas, também foram afetadas. Embora as receitas tenham sido afetadas, não podemos dizer o mesmo das despesas. O governo teve que arcar com uma gama enorme de sobrecarga e a gente sabe que os recursos são escassos.”
LOC.: Gilson Garófalo projeta que a agropecuária possa dar fôlego ao setor econômico.
TEC./SONORA: Gilson Garófalo, vice-presidente do Sindicato dos Economistas do estado de São Paulo e conselheiro do Conselho Regional de Economia do estado de São Paulo
“A gente nota uma sensível recuperação no nível de atividade econômica, principalmente dentro do setor primário, por meio das comodities agrícolas. Há uma expansão favorável no setor de agropecuária e isso traz reflexos favoráveis nas nossas relações com o exterior.”
LOC.: O projeto de Lei Orçamentária Anual prevê um orçamento superior a R$ 4 trilhões para o ano que vem, mas consultores do Congresso Nacional afirmaram, na nota conjunta, que “parcelas dessas projeções não correspondem rigorosamente à estimativa de receita nem à fixação de despesa”. A nota continua demonstrando que mais de R$ 450 bilhões desse total advêm de operações de crédito que ultraam o limite constitucional.
A nota conjunta da Câmara e do Senado está disponível em camara.leg.br.
Reportagem, Jalila Arabi.