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Foto: Reprodução Andressa Anholete/Agência Senado
Foto: Reprodução Andressa Anholete/Agência Senado

IOF no centro da disputa entre Governo e Congresso

Aumento do imposto é visto pelo presidente do Senado como uma usurpação às atribuições legislativas”; por outro lado, governo diz que não vai recuar


A decisão do governo federal de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por meio de decretos presidenciais, sem ar pelo Congresso, provocou forte reação no Legislativo e acirrou o clima entre os Poderes. A disputa já levou os parlamentares a protocolar mais de 20 projetos para tentar barrar os efeitos do decreto presidencial, indicando que o ime entre os Poderes deve se intensificar nos próximos dias.

Durante as votações no Plenário do Senado na quarta-feira (28), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, foi enfático ao criticar a postura unilateral do Executivo. Segundo ele, a medida desrespeita a separação de competências definida pela Constituição e representa uma tentativa de usurpação das atribuições do Parlamento. 

“Que esse exemplo do IOF, dado pelo governo federal, seja a última daquelas decisões tomadas pelo governo tentando de certo modo usurpar as atribuições legislativas do Poder Legislativo”, afirmou Alcolumbre, que também disse estar em articulação com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para avaliar a votação de um projeto de decreto legislativo que suste os efeitos do aumento.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, defendeu a necessidade do aumento e afirmou que, neste momento, não há alternativas viáveis para garantir a arrecadação exigida. 

“Nesse momento, não (há alternativa para o IOF). Nós recebemos da Febraban (Federação de Bancos) uma série de sugestões, estamos analisando e falei dos problemas constitucionais de você prever receita imediata”, justificou. 

Enquanto isso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, também manifestou insatisfação com a condução do tema: “Foi uma decisão tomada sem qualquer tipo de diálogo com o Congresso Nacional”. 

Parlamentares alegam inconstitucionalidade

Parlamentares alegam que o aumento do IOF por meio de dois decretos presidenciais é inconstitucional porque o poder de criar ou aumentar tributos é, em regra, atribuição do Congresso Nacional, conforme estabelece a Constituição Federal. Ao editar decretos para elevar a alíquota do IOF, o Poder Executivo teria ultraado sua competência, interferindo em uma prerrogativa que é exclusiva do Legislativo.

Além disso, os críticos veem essa medida como um avanço do Executivo sobre o equilíbrio entre os Poderes, já que decisões com impacto direto sobre a arrecadação e a carga tributária deveriam ar pelo debate e aprovação no Parlamento. Para muitos congressistas, o uso de decretos nesse contexto fere o princípio da legalidade tributária, que exige lei formal aprovada pelo Legislativo para criação ou majoração de impostos.

Alta do IOF é vista como retrocesso por entidades comerciais e empresariais

Penalidade para quem ganha menos

Segundo eles, o aumento representa uma carga tributária adicional sobre setores essenciais da economia brasileira.

Os parlamentares afirmam também que a elevação do IOF sobre seguros penaliza diretamente a população de menor renda, encarecendo planos essenciais de saúde, vida e veículos. Por fim, consideram inissível que o governo federal, diante da crise econômica, recorra a medidas unilaterais para aumentar impostos, sem diálogo com o Congresso Nacional e sem avaliação dos impactos sobre a economia real.

Sobre o IOF

O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um tributo federal cobrado em operações como empréstimos, câmbio, seguros e investimentos. Quando o governo aumenta a alíquota do IOF sobre seguros, por exemplo, o valor cobrado dos consumidores também sobe.

Esse aumento pode prejudicar especialmente as famílias de menor renda, pois encarece produtos essenciais, como planos de saúde, seguros de vida e de veículos — que já comprometem parte significativa do orçamento dessas pessoas. Com isso, o o a esses serviços pode se tornar mais difícil, deixando muitos desprotegidos.
 

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LOC.: Setores do Congresso reagiram com força à decisão do governo federal de aumentar o IOF — o Imposto sobre Operações Financeiras — por meio de dois decretos presidenciais. O aumento foi feito sem ar pelo crivo do Legislativo, o que acirrou o clima entre os Poderes. Parlamentares já apresentaram mais de 20 propostas para tentar barrar a medida.

Durante sessão no Senado nesta quarta-feira, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, classificou a decisão como uma tentativa de usurpar as atribuições do Congresso. Ele afirmou que espera que esse tipo de atitude não se repita e que está em articulação com o presidente da Câmara, Hugo Motta, para buscar uma resposta institucional.

Hugo Motta também criticou a medida e disse que ela foi tomada sem qualquer diálogo com o Parlamento. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou o aumento dizendo que, no momento, não há alternativa viável para garantir a arrecadação exigida. Segundo ele, sugestões estão sendo analisadas, mas a decisão de manter o decreto segue válida.

Parlamentares alegam que o aumento do IOF por decreto é inconstitucional, já que a criação ou elevação de tributos deve ser aprovada pelo Congresso. Eles também alertam para o impacto da medida sobre a população de menor renda, especialmente nos seguros de saúde, vida e veículos — serviços essenciais que devem ficar mais caros com a nova alíquota.

Reportagem, Livia Braz