LOC.: Um dos setores mais afetados pela pandemia de Covid-19, o transporte público aguarda análise do Senado do Projeto de Lei 3364/20, de autoria do deputado Fábio Schiochet (PSL-SC), que libera R$ 4 bilhões para municípios com mais de 200 mil habitantes, estados e o Distrito Federal, a fim de garantir o serviço de mobilidade urbana.
Em grande parte dos centros urbanos, a receita que cobre os custos operacionais de transporte é oriunda do pagamento de tarifa pelo ageiro. Com a redução da circulação e pessoas e a necessidade de distanciamento social, houve impacto significativo no setor. Mesmo com diminuição da atividade econômica, as empresas de transporte coletivo precisaram manter uma oferta, superior ao número de ageiros transportados.
Para o especialista em trânsito, Artur Moraes, o valor de R$ 4 bilhões destinado pela União é pouco. Na avaliação de Moraes, o eventual fechamento de empresas de ônibus é mais prejudicial do que oferecer subsídios para o setor.
TEC./SONORA: Artur Moraes, especialista em trânsito.
“Acho que esse valor deveria ser maior. O que foi colocado não vai atender a receita da quantidade de ageiros que deixaram de utilizar o transporte público. O custo foi total e a receita caiu. Precisa haver um auxílio a essas empresas, porque não pode não pode simplesmente ela quebrar e parar. Grande parte da população só tem o transporte coletivo para poder circular.”
LOC.: Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) de 2020 apontam que 85,7% das viagens de transporte coletivo em território nacional são realizadas por ônibus e 14,3% por trilhos e outros. Ainda segundo a NTU, entre 35 sistemas de transporte pesquisados, apenas 11 possuem algum tipo de subsídio para coletivos no Brasil.
Para o presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello, a pandemia mostrou que o sistema de financiamento do transporte por cobrança de tarifa é ultraado.
TEC./SONORA: Rodrigo Tortoriello, presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana.
“O que estamos vivendo mostrou que o sistema de financiamento do transporte público baseado só na tarifa está extremamente ultraado e que necessita de uma revisão urgente em todo o país. Temos que ter esperança que isso possa se tornar uma política nacional para o futuro.”
LOC.: Para obtenção dos recursos, os gestores municipais e estaduais vão ter de um termo de adesão, em que consta contrapartidas do ponto de vista istrativo e jurídico, mas também do ponto de vista da gestão do transporte público local.
Alguns dos compromissos a serem assumidos pelos gestores incluem a revisão dos contratos de transporte até 31 de dezembro de 2021 e instrumentos para priorizar o transporte coletivo, como faixas de pedestres, ciclovias e sinalização.