LOC.: Grande parte dos municípios brasileiros já recuperou os prejuízos econômicos decorrentes da queda de arrecadação neste ano. É o que aponta um estudo feito pelo pesquisador Marcos Mendes, do Insper. Entre janeiro e agosto deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019, o socorro financeiro do Governo Federal e a suspensão de dívidas dos municípios superaram em quase R$ 24 bilhões o impacto do coronavírus nos cofres públicos das prefeituras.
Ao todo, foram analisadas as finanças de 2.229 cidades, que totalizam 77% da população brasileira. O bom desempenho nas contas desses municípios, segundo o autor da pesquisa, se deve ao elevado volume de socorro federal, que alcançou mais de R$ 43 bilhões e se soma a mais de R$ 7 bilhões referentes à suspensão de dívidas.
Nas 29 cidades mais populosas do Brasil, os cofres públicos tiveram um incremento de R$ 16 bilhões nos primeiros oito meses de 2020, em comparação ao mesmo período do ano ado.
Para Helder Lara, doutorando em economia pela Universidade de Brasília (UnB), apesar do socorro financeiro prestado pelo governo, os gestores municipais precisam ter cautela na utilização de recursos provenientes da União.
“Em 2021, a receita [dos municípios] ainda não deve recuperar o valor de 2019, por conta da pandemia e também de um PIB inferior. Os municípios precisam utilizar esse caixa de forma prudente e com cuidado.”
LOC.: William Baghdassarian, professor de Economia no Ibmec DF, acredita que a pandemia da Covid-19, mesmo com o surgimento da vacina, ainda causará reflexos no próximo ano.
“Os municípios, no ano que vem, estarão com suas contas pressionadas na área de Saúde, por conta da transição entre as internações que ocorrem atualmente e o começo da vacinação.”
LOC.: Entre outros pontos, a pesquisa aponta uma significativa melhora nos indicadores de receita, despesa, déficit, saldo de caixa e dívida líquida na maioria dos municípios mais populosos. Em São Luís (MA), por exemplo, o dinheiro disponível em caixa aumentou em 398%. Há alguns casos de retratação, como em São Gonçalo (RJ), onde foi apresentado um recuo de 56% do dinheiro em caixa.
Reportagem, Paulo Oliveira