LOC.: A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vai simplificar e agilizar a análise de dados referentes às vacinas contra a Covid-19. O novo procedimento, chamado de submissão contínua, garante que o órgão vai avaliar os dados à medida em que elas chegarem.
A partir de agora, as empresas que desejam registrar um imunizante no país não vão precisar juntar todos os documentos de uma só vez, encaminhar e aguardar a resposta da Anvisa. Elas vão poder fazer isso em etapas, sendo que o prazo para conclusão da análise pelo órgão, para cada submissão, será de até 20 dias. Antes, esse trâmite poderia levar meses.
De acordo com a agência, o objetivo é acelerar a disponibilização de vacinas contra o novo coronavírus aos brasileiros, com qualidade, segurança e eficácia. Para Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a mudança no processo de análise dos dados é benéfica. Segundo ela, isso não vai prejudicar a avaliação adequada sobre a qualidade dos imunizantes que estão em fase de testes.
TEC./SONORA: Mayra Moura, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
“Acelerar a análise dos documentos submetidos pelos produtores é ótimo, porque está tendo essa avaliação contínua e acelerando esse processo de registro. Isso nada tem a ver com o tempo de acompanhamento dos participantes dos estudos clínicos. A Anvisa pode dizer que só aceita estudos com acompanhamento de, pelo menos, seis meses.”
LOC.: A nota técnica não estabelece um limite de vezes em que as empresas vão poder enviar documentos para análise. No entanto, o órgão recomenda que os laboratórios farmacêuticos não esperem juntar uma determinada quantidade de dados para submetê-los, “uma vez que isso desvirtua o propósito do procedimento, que é o de dar maior celeridade à análise.”
Gerente geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes afirma que o novo procedimento foi discutido com agências de regulação internacionais. Ele ressalta que a submissão contínua não interfere no andamento dos testes, mas agiliza a avaliação dos dados já coletados.
TEC./SONORA: Gustavo Mendes, Gerente geral de Medicamentos da Anvisa
“Isso não significa que vamos acelerar o desenvolvimento das vacinas. Significa que nós otimizamos o processo para análise, ou seja, os estudos continuam tendo que ser concluídos.”
LOC.: Para analisar os dados relativos às vacinas contra a Covid-19, a Anvisa conta com um comitê de especialistas multidisciplinar, que decide se o imunizante deve ou não ser liberado. Para dar o veredito, o grupo leva quatro aspectos em consideração: eficácia, segurança, qualidade e farmacovigilância, que é o monitoramento da vacina após distribuição em larga escala.
Até aqui, a única empresa que submeteu os dados ao novo procedimento foi a farmacêutica AstraZeneca, que produz uma vacina contra o novo coronavírus em parceria com a Universidade de Oxford. O Brasil, inclusive, é um dos países onde a última fase de testes está em curso. O governo brasileiro já sinalizou com a compra de 100 milhões de doses do imunizante que, no país, seria produzido pela Fiocruz.
Outro imunizante que também está em fases finais de testes, a vacina do laboratório chinês Sinovac, responsabilidade do Instituto Butantan no Brasil, deve ar pelo mesmo procedimento de submissão contínua em breve.
Reportagem, Felipe Moura.