LOC.: Em 2022, mais de 92 milhões de brasileiros se declararam pardos, o que equivale a 45,3% da população do país. Foi a primeira vez, desde 1991, que esse grupo se tornou o maior do Brasil. Os dados são do Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, nesta sexta-feira.
Segundo as informações, no ano ado a parcela da população que se autodeclara branca diminuiu para 43,5%. Além disso, 10,2% da população se autodeclararam pretas, 0,8% e identificaram como indígenas e 0,4% se classificaram como amarelas.
A co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães, explica que, além da cor da pele, outros fatores podem influenciar a autodeclaração como pardo: a ancestralidade, ascendência étnica mista e outras características fenotípicas, como formato do cabelo, boca e nariz.
TEC./SONORA: Co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães
“Não existe um critério biológico, único, universal para determinar quem é considerado, já que raça é uma construção social complexa. Infelizmente ainda é uma luta constante para que as pessoas entendam que vamos buscar todas essas características físicas e anteadas para poder se autodeclarar parda ou negra.”
LOC.: Apesar dos brasileiros que se declararam pardos terem superado o número de brancos, a especialista destaca que ainda é necessário fazer várias mudanças para que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades, pois até este momento, não há igualdade para todos.
TEC./SONORA: Co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães
“O mercado de trabalho que ainda tem muito que mudar. Porque dificilmente você vai ser uma pessoa negra em um cargo de poder, em um cargo de líder, até porque a sociedade ainda não está preparada para isso, ela ainda não se abriu para que deixasse a pessoa negra atingir um cargo de ascensão sem sofrer discriminação”
LOC.: Para Patricia Guimarães, pesquisas como o Censo Demográfico são importantes para que as políticas públicas sejam efetivas, atingindo a raiz do problema, pois não é possível elaborar um projeto de lei sem saber a quem direcionar.
Reportagem, Nathália Guimarães