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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Censo 2022: maior parte da população brasileira se declarou parda; aponta IBGE

É a primeira vez, em 31 anos, que o Brasil se declara mais pardo que branco


Em 2022, cerca de 92,1 milhões de brasileiros se declararam pardos, o que equivale a 45,3% da população do país. Foi a primeira vez, desde 1991, que esse gru po se tornou o maior do Brasil. Os dados são do Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (22).

Segundo as informações, no ano ado, a parcela da população que se autodeclara branca diminuiu novamente, mantendo a tendência desde 2000, e tornou-se o segundo maior grupo, representando 43,5% da população total do país. Além disso, 20,6 milhões de pessoas se autodeclararam pretas (10,2%), 1,7 milhão se identificaram como indígenas (0,8%) e 850,1 mil se classificaram como amarelas (0,4%). 

Em comparação com 2010, a população negra registrou um aumento significativo de 42,3%, aumentando sua proporção na população total de 7,6% para 10,2%. Em relação aos pardos, houve um crescimento de 11,9%, fazendo com que sua proporção na população do país aumentasse de 43,1% para 45,3%.

A co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães, explica que além da cor da pele, outros fatores podem influenciar a autodeclaração como pardo: a ancestralidade, ascendência étnica mista e outras características fenotípicas, como formato do cabelo, boca e nariz.

“Não existe um critério biológico universal para determinar quem é considerado, já que raça é uma construção social complexa. Assim, temos uma dificuldade com essa questão da autodeclaração. Infelizmente ainda é uma luta constante para que as pessoas entendam que vamos buscar todas essas características físicas e anteadas para poder se autodeclarar parda ou negra”, explica.

Apesar dos brasileiros que se declararam pardos terem superado o número de brancos, a especialista destaca que ainda é necessário fazer várias mudanças para que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades, pois até este momento, não há igualdade para todos.

“Infelizmente ainda temos algumas barreiras a serem derrubadas, como o racismo estrutural, que é algo que está enraizado no nosso país e ainda é uma barreira para que a sociedade abra a porta de igualdade para as pessoas negras e pardas. No mercado de trabalho, que ainda tem muito que mudar, porque dificilmente você vai ser uma pessoa negra em um cargo de poder, em um cargo de líder, até porque a sociedade ainda não está preparada para isso, ela ainda não se abriu para que deixasse a pessoa negra atingir um cargo de ascensão sem sofrer discriminação”, avalia.

Municípios

No Censo de 2022, foi observado que a população parda predominava em 3.245 municípios do Brasil, o que equivale a 58,3% do total de municípios do país.

Analisando por regiões, a população parda destacou-se como o grupo com a maior representatividade na população residente da região Norte, compreendendo 67,2% da população nessa área geográfica. Da mesma forma, tanto no Nordeste (59,6%) quanto no Centro-Oeste (52,4%), os números superaram a média nacional de prevalência desse grupo étnico.

Censo Demográfico

Segundo o IBGE, o Censo Demográfico é uma fonte de referência sobre as condições de vida da população brasileira em todos os municípios e Distrito Federal. 

Para Patricia Guimarães, a pesquisa ajuda na elaboração de políticas públicas que envolvem características de cor ou raça. “Sabemos que 56% da população é negra ou parda, e dentro disso, sabemos que elas vêm de uma população que é mais carente. Então essas pesquisas são essenciais para que as políticas públicas atinjam a raiz do problema, sem elas, não tem como sair elaborando projetos de lei que não sabem nem quem atingir”, completa.

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LOC.: Em 2022, mais de 92 milhões de brasileiros se declararam pardos, o que equivale a 45,3% da população do país. Foi a primeira vez, desde 1991, que esse grupo se tornou o maior do Brasil. Os dados são do Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, nesta sexta-feira.

Segundo as informações, no ano ado a parcela da população que se autodeclara branca diminuiu para 43,5%. Além disso, 10,2% da população se autodeclararam pretas, 0,8% e identificaram como indígenas e 0,4% se classificaram como amarelas. 

A co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães, explica que, além da cor da pele, outros fatores podem influenciar a autodeclaração como pardo: a ancestralidade, ascendência étnica mista e outras características fenotípicas, como formato do cabelo, boca e nariz.

TEC./SONORA: Co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães

“Não existe um critério biológico, único, universal para determinar quem é considerado, já que raça é uma construção social complexa. Infelizmente ainda é uma luta constante para que as pessoas entendam que vamos buscar todas essas características físicas e anteadas para poder se autodeclarar parda ou negra.”


LOC.: Apesar dos brasileiros que se declararam pardos terem superado o número de brancos, a especialista destaca que ainda é necessário fazer várias mudanças para que todos tenham os mesmos direitos e oportunidades, pois até este momento, não há igualdade para todos.

TEC./SONORA: Co-presidente da comissão de igualdade racial OAB-DF e especialista em direito racial, Patricia Guimarães

“O mercado de trabalho que ainda tem muito que mudar. Porque dificilmente você vai ser uma pessoa negra em um cargo de poder, em um cargo de líder, até porque a sociedade ainda não está preparada para isso, ela ainda não se abriu para que deixasse a pessoa negra atingir um cargo de ascensão sem sofrer discriminação”


LOC.: Para Patricia Guimarães, pesquisas como o Censo Demográfico são importantes para que as políticas públicas sejam efetivas, atingindo a raiz do problema, pois não é possível elaborar um projeto de lei sem saber a quem direcionar. 

Reportagem, Nathália Guimarães