LOC.: A Câmara dos Deputados aprovou em votação simbólica, nesta terça-feira, dia 28, a cobrança de 20% sobre as compras internacionais no valor de até 50 dólares, cerca de 250 reais. Segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira, a aprovação veio apenas após um acordo feito entre deputados, governo e o setor varejista nacional. Com isso, a proposta será enviada ao Senado Federal, que deve analisá-la nesta quarta-feira, dia 29.
O especialista em direito tributário Asafe Gonçalves explica que a taxação foi incluída como “jabuti” no projeto de lei que institui o Programa Mobilidade Verde e Inovação, que cria incentivos fiscais para a fabricação de carros mais sustentáveis.
Gonçalves explica que caso essa taxação seja sancionada pelo presidente, na prática a cobrança da taxa só será feita se o produto importado cair em diligência na Receita Federal.
TEC./SONORA: Asafe Gonçalves, especialista em direito tributário e sócio diretor do Asafe Gonçalves Advogados
“Se a Receita Federal pegar algum lote de remessa que está vindo de fora, ela pode aplicar a taxação. Então vai ficar a critério do consumidor final, se ele vai manter ou não aquele produto e se vai valer a pena ou não pagar aquela taxa.”
LOC.: Asafe Gonçalves destaca que o projeto não esclarece como vai ficar a questão do Remessa Conforme, programa criado para zerar os impostos federais de importação das compras abaixo de 50 dólares.
A empreendedora Ellen Paula, de 25 anos, mora em Ceilândia, região istrativa do Distrito Federal. Ela relembra que começou a comprar produtos em sites chineses em 2015, pois os preços eram menores do que os cobrados nas lojas brasileiras.
TEC./SONORA: Ellen Paula Ferreira, 25 anos, empreendedora e moradora de Ceilândia, região istrativa do Distrito Federal
“Eu já comprava pela Aliexpress e eu já comprava da Shein, que era uma loja no AliExpress. Depois criaram uma plataforma própria, e comecei a comprar direto na Shein. Eu também compro bastante na Shopee. Compro produtos de skincare [itens de cuidado para pele].”
LOC.: O economista Cesar Bergo explica que, do ponto de vista econômico, a aprovação da taxa traz um equilíbrio fiscal.
TEC./SONORA: Cesar Bergo, economista
“Porque você tem uma concorrência desleal com o comércio local, quando você traz esses produtos sem impostos. Acaba prejudicando a indústria, o comércio, a geração de empregos locais, sobretudo a indústria calçadista, indústria têxtil e de autopeças.”
LOC.: De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, com a perda de vendas para importações menos tributadas, a indústria e o comércio nacionais deixam de empregar 226 mil pessoas.
Reportagem, Nathália Guimarães