LOC.: Levantamento do Governo Federal aponta que apenas 5% das prefeituras possuíam Planos de Mobilidade Urbana (PMU) até 2018. Para especialistas, o setor é um dos gargalos para a maioria dos municípios brasileiros e sua estruturação continua distante em boa parte das cidades.
De acordo com a Lei de Mobilidade Urbana aprovada em 2012, todos os municípios com mais de 20 mil habitantes deveriam elaborar um PMU com foco no desenvolvimento do transporte público coletivo, circulação de carros e pedestres, ibilidade para pessoas com deficiência e integração dos transportes público e privado.
Oito anos após a sanção da Lei (12.587/2012) e sucessivas prorrogações do prazo para que os municípios apresentassem seus planos de mobilidade, especialistas apontam as maiores dificuldades enfrentadas pelas prefeituras e os benefícios que podem vir de um esforço conjunto entre governo federal e entes da federação.
Segundo Luma Cordeiro Costa, analista de Mobilidade e Trânsito da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os sucessivos adiamentos para elaboração dos planos ocorre por dois motivos: falta de apoio técnico e financeiro do governo federal desde as gestões anteriores, sobretudo aos municípios de pequeno porte.
TEC./SONORA: Luma Cordeiro Costa, analista de Mobilidade e Trânsito da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
“Não houve uma atuação a nível federal de apoio financeiro e técnico para que os municípios pudessem elaborar esses planos. Houve programas para investimento por conta da Copa do Mundo de 2014 para municípios de grande e médio porte, mas não tinha esse apoio para os municípios de pequeno porte.”
LOC.: Para Pastor Willy Gonzales Taco, líder do Laboratório Comportamento em Transportes e Novas Tecnologias da Universidade de Brasília (UnB), a falta de capacidade técnica na maior parte dos municípios barra qualquer evolução na elaboração dos planos. Ele defende que os municípios formem uma rede de cooperação, em que os mais estruturados auxiliem com técnicos as cidades menores.
Gonzalez diz que o planejamento da mobilidade permite ao gestor saber para onde as pessoas estão se deslocando, a intensidade do fluxo e como atender a essa demanda da forma adequada de acordo com a realidade local.
TEC./SONORA: Pastor Willy Gonzales Taco, líder do Laboratório Comportamento em Transportes e Novas Tecnologias da Universidade de Brasília (UnB)
“Com um planejamento de mobilidade eu consigo estruturar a cidade, desenvolver as infraestruturas necessárias. É possível trabalhar, por exemplo, nas curtas distâncias com modos mais sustentáveis de locomoção por bicicleta ou a pé. Nas médias distâncias ter uma combinação entre bicicletas e ônibus e, nas longas, eu tenho alternativas como o BRT, o metrô e, até mesmo, o trem urbano.”
LOC.: Em maio, o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que prorrogou mais uma vez os prazos para que as prefeituras elaborem os Planos de Mobilidade Urbana (PMUs). Essa obrigatoriedade para os municípios está prevista na Lei de Mobilidade Urbana.
Agora, cidades com mais de 250 mil moradores têm até 12 de abril de 2022 para apresentarem seus planos para a área. Já os municípios com população entre 20 mil e 250 mil habitantes vão ter um ano a mais: 12 de abril de 2023.
Reportagem, Felipe Moura.