LOC.: O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) investe R$ 5 milhões em uma pesquisa científica sobre um novo método de combate à covid-19: usar o sangue de pessoas curadas para tratar pacientes que ainda estão doentes. O estudo está em fase de testes clínicos e 10 pacientes já recebem o tratamento com o uso de plasma sanguíneo. Agora os pesquisadores monitoram se o método vai gerar o resultado esperado.
O chefe da divisão de Hematologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Hemocentro de São Paulo, Vanderson Rocha, detalha como funciona o processo.
TEC/SONORA: Vanderson Rocha, chefe da divisão de Hematologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Hemocentro de São Paulo.
“O plasma, que é a parte líquida do sangue, é rico em anticorpos. A pessoa que teve a covid vai desenvolver esses anticorpos contra o vírus. A gente colhe esse plasma de doadores que vem ao banco de sangue, que já tiveram o coronavírus, mas não têm nenhum sintoma há mais de 14 dias e pode ser um doador.”
LOC.: No total, 150 pacientes devem participar do estudo, incluindo o chamado “grupo controle”, que recebe somente o tratamento habitual, para que seja possível comparar os resultados e avaliar a dosagem que deve ser adotada por hospitais. Um grupo vai receber 200 mL de plasma sanguíneo, enquanto o outro recebe o dobro dessa quantidade. Os pacientes serão acompanhados por 28 dias. Além de combater o vírus, a transfusão de plasma tem efeito anti-inflamatório, o que pode auxiliar no tratamento de pacientes em estágios mais graves da doença.
Além do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, também fazem parte da pesquisa o Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp), o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein.
Essa pesquisa é uma das pesquisas que tem apoio do governo federal para fortalecer a rede pública de saúde na luta contra o coronavírus. No total, o MCTIC vai aplicar R$ 352,8 milhões no apoio a projetos científicos que possam ajudar a combater a pandemia. Segundo o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas, Marcelo Morales, R$ 20 milhões serão destinados para Rede Viroses Emergentes (RedeVírus MCTIC).
TEC/SONORA: Marcelo Morales, Secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas (Sefae)
“A RedeVirus do MCTIC foi criada em fevereiro com pessoas da área de ciência e tecnologia para que ajudasse o ministério a pensar as estratégias para o enfrentamento à covid, utilizando a ciência. As estratégias traçadas foram o desenvolvimento de vacinas, o desenvolvimento diagnóstico e o tratamento e medicamentos.”
LOC.: Na área de testagem, por exemplo, o Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG atua no desenvolvimento de um novo método para aumentar a oferta de testes rápidos. Ele é baseado no chamado “método Elisa”, que detecta a presença de anticorpos contra o novo coronavírus.
Reportagem, Daniel Marques