LOC.: A violência por motivação política é o lado escuro das eleições. Quando analisamos os dados, apesar de as mulheres representarem mais de 51% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, ainda são minoria na política.
Segundo a Assessoria Especial de Segurança e Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) houve um aumento de crimes violentos contra candidatos e pré-candidatos nestas eleições. Somando os crimes de homicídio, tentativa de homicídio, ameaça e lesão corporal contra candidatos, em 2018 tivemos 46 candidatos alvo de ataques, enquanto agora em 2020, antes do segundo turno das eleições, chegamos aos 263 casos entre homens e mulheres.
Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, a violência é incompatível com a democracia e, diante deste cenário, um tipo de crime chama a atenção: a violência contra a mulher, em especial às candidatas a algum cargo político.
TEC./SONORA: Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Há uma violência que merece destaque aqui, que é a violência de gênero. Os ataques físicos ou morais às mulheres que são candidatas. Tivemos um aumento de mulheres eleitas nas últimas eleições em primeiro turno, e temos mais de 50 mulheres candidatas concorrendo a prefeita ou vice-prefeita para o segundo turno. Esse tipo de agressão às mulheres, física ou moral, é pior do que machismo, é covardia. Nós precisamos de mais mulheres na política e precisamos enfrentar essa cultura do atraso.”
LOC.: De acordo com a cientista política, Flávia Birolli, a violência por motivação política ganha força quando as mulheres envolvidas estão em posições menos tradicionais da sociedade.
TEC./SONORA: Flávia Birolli, cientista política.
“Violência que atinge em especial candidatas que têm alguma relação com temáticas de direitos humanos, com ativismo ou que têm características que as coloquem em uma posição que não é o padrão predominante. Bom, elas já são mulheres, então se são negras, lésbicas, de partidos de esquerda, de oposição, são feministas ou atuam em áreas de conflito de terras, tudo isso faz com que essa violência seja mais intensa.”
LOC.: Com o resultado das eleições, antes do primeiro turno, tivemos 651 mulheres (12%) eleitas para prefeituras enquanto 4.750 homens foram eleitos como prefeitos (87%).