LOC.: As IST são as infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, o HIV/AIDS, hepatites virais, HPV e gonorreia. Segundo os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde, 70 mil pessoas morreram, no Brasil, em decorrência dessas infecções, entre 2000 e 2017. Mas essas doenças podem ser prevenidas pelo uso da camisinha e podem ser diagnosticadas por meio de testes rápidos ou laboratoriais, oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Quem explica mais a respeito dessas infeções que afetam a vida de milhões de brasileiros é o diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.
LOC.: Por que foi feita a mudança de nomenclatura de DST para IST?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“Nem toda infecção pode chegar a virar uma doença. É claro que ‘doenças sexualmente transmissíveis’ são mais conhecidas e está mais no imaginário popular, mas do ponto de vista técnico, é mais técnico você chamar de infecções sexualmente transmissíveis. Por isso que a gente mudou os nomes de um tempo pra cá, chamando de infecções sexualmente transmissíveis.”
LOC.: Nos últimos anos, aumentou o número de casos de IST entre os jovens. Eles perderam o medo do contágio?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“A gente tem observado que, por exemplo, quando a gente faz a pesquisa de comportamentos, atitudes e práticas, todo mundo sabe que a camisinha é importante para evitar as IST. Mais de 90% da população sabe disso. Entretanto, quando a gente vai verificar, o uso tem diminuído ao longo do tempo. Essa última campanha do Ministério da Saúde que está saindo é no sentido de que a gente não pode relaxar no uso da camisinha. Eles são importantes para diminuir o número de IST – e aí a gente tem o HIV, sífilis, hepatites, todas essas doenças. Então, acho que a gente precisa trabalhar com os jovens que a camisinha é importante e o uso dela livra das IST.”
LOC.: Quais os principais desafios das autoridades em Saúde no combate às ISTs no Brasil?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“Então, meu maior desafio é buscar todos os casos, diagnosticá-los e trata-los. Por que? Porque o diagnóstico e o tratamento são medidas preventivas. Na hora que eu tenho a medida do tratamento, aquela pessoa tá curada e deixa de transmitir a doença. Casos de Aids, por exemplo: a pessoa pode não estar curada, mas pode ter uma carga viral indetectável. Na hora que tem a carga viral indetectável, deixa de transmitir. Então o maior desafio é a gente diagnosticar e tratar todas as pessoas infectadas que existem e não sabem da sua condição.”
LOC.: Apesar da crescente propagação das causas e prevenções das ISTs, esse assunto ainda é um tabu na sociedade? Isso atrapalha, de alguma forma, a reversão dos números negativos?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“A gente precisa cada vez mais falar sobre isso no sentido de prevenção de doença. Acho que a gente tem que parar de tratar sexo como um tabu, mas tratar como uma coisa importante, para gente ter uma saúde sexual e reprodutiva muito boa, para que a gente possa ter relações saudáveis. Então, acho que é um tabu que a gente precisa cada vez mais falar sobre isso.”
LOC.: Pelo fato de boa parte das ISTs serem curáveis e terem tratamento, a população ignora a importância da prevenção?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“A prevenção tem uma importância fundamental. A gente tem, hoje, infecções sexualmente transmissíveis que, em sua maioria, têm cura. A gente tem a sífilis que se cura, a gonorreia que se cura, o HPV tem uma vacina, a hepatite B tem uma vacina... Hoje, a gente tem uma evolução importante mas são doenças que te levam a tomar um medicamento, o que não é nada agradável (você ter que tomar remédio sempre). A gente não pode banalizar situações de doença e a prevenção é sempre importante nesses casos.”
LOC.: Diante desse quadro, qual é a melhor forma de evitar o contágio?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“A melhor forma de evitar o contágio é, primeiro, que a gente possa esclarecer para as pessoas as formas de contágio, como que eu me infecto de uma infecção sexualmente transmissível; e, principalmente, todas as medidas de prevenção. A gente tá lançando agora, regularmente e pelo Ministério da Saúde, campanhas sobre o uso da camisinha. A camisinha ainda é a medida mais fácil, barata e segura com a qual a gente pode evitar as infecções sexualmente transmissíveis.”
LOC.: Para as pessoas que ainda estão com dúvidas se estão infectadas ou que foram diagnosticadas e pensam em se render ou ignorar a doença: qual é a importância de se fazer o tratamento?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“O tratamento correto é importante porque, primeiro: a gente tem que se gostar. A gente tem que fazer o tratamento correto no sentido de que a gente possa ficar curada dessas infecções sexualmente transmissíveis. E, principalmente, no caso dos jovens que vão casar e vão ter filhos, para que não possam levar casos de IST via gravidez. O número de casos de sífilis congênita é enorme. Mas a gente precisa se tratar pra que a gente não possa ar pras gerações futuras. Isso que é importante quanto as IST: a gente não pode adoecer, não pode ar pro seu parceiro ou pra sua parceira e nem pras gerações futuras que vêm por aí.”
LOC.: O Brasil é referência mundial no combate às IST, principalmente ao HIV. O país oferta assistência gratuita para todos os casos de incidência. Quais são as principais estratégias e desafios em relação à oferta de medicamentos e assistência do SUS?
TEC/SONORA: Gerson Pereira, diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde
“O que a gente tem usado no SUS e é muito importante, principalmente para doenças como Aids, sífilis, hepatite, tuberculose e hanseníase, é mostrar que nós temos uma Atenção Básica poderosa para fazer diagnóstico desses casos. E que a gente tem medicamentos bastante importantes. Hoje, só para você ter uma ideia, o programa de Aids no Brasil tem o melhor tratamento do mundo. Nós tratamos nossos pacientes com dolutegravir, que é o melhor tratamento que se pode colocar no mundo. A estratégia maior, no SUS, é que a gente possa buscar todas as pessoas, e buscar todas essas pessoas é através da testagem. Hoje, nós distribuímos mais de 12 milhões de testes para HIV, sífilis e hepatites nesse país, no sentido de que as pessoas possam ter a possibilidade de fazer o seu diagnóstico e, imediatamente, iniciar o tratamento e diminuir a carga de transmissão dessas doenças. Então a estratégia é essa: testar, diagnosticar e tratar imediatamente as pessoas na Atenção Básica em Saúde.”
LOC.: Conversamos com diretor do Departamento de ISTs do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, que nos trouxe um balanço das infecções sexualmente transmissíveis no Brasil.
Proteja-se! Usar camisinha é uma responsa de todos. Se notar sinais de uma infecção Sexualmente Transmissível (IST), procure uma unidade de saúde e informe-se. Saiba mais em: saude.gov.br/ist.