LOC.: Está em discussão no Congresso Nacional uma Reforma Tributária que pretende simplificar e modernizar o sistema brasileiro, para gerar uma performance mais positiva na produtividade e no crescimento econômico do País.
Diante do assunto, que tem impacto direto por todas as cidades brasileiras, em novembro o Observatório de Informações Municipais divulgou um estudo que mostra a importância das duas principais transferências de recursos para os municípios – e que serão alvo de modificações na proposta de reforma tributária, com a inclusão do IPI que faz parte da composição do FPM ao novo Imposto ou Contribuição sobre Bens e Serviços, que incorpora também o ICMS e até o ISS, que é o principal tributo municipal.
De acordo com economista e geógrafo François Bremaeker, gestor do Observatório de Informações Municipais, é preciso adotar medidas cautelosas, pois essas transferências são muito mais importantes para os pequenos municípios.
TEC./SONORA: François Bremaeker, economista, geógrafo e gestor do Observatório de Informações Municipais.
“Os impostos municipais têm características urbanas, principalmente o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Somente municípios de grande porte, aqueles mais urbanos, é que conseguem arrecadar bem os seus impostos. Os municípios pequenos têm muito pouco o que arrecadar porque a contribuição é baixa. Isso faz com que a dependência dos municípios pequenos seja muito grande com relação às transferências.”
LOC.: Um detalhe importante a respeito da economia nos municípios e sua arrecadação, é apresentado pelo doutorando em economia pela Universidade de Brasília (UnB), Helder Lara Ferreira Filho. Segundo ele, apesar dos debates sobre uma reforma tributária, é preciso que os municípios fiquem atentos à crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 e seus efeitos já para o ano de 2021.
TEC./SONORA: Helder Lara Ferreira Filho, doutorando em economia pela Universidade de Brasília (UnB).
“Sobre o FPM, nós sabemos que em 2020 dado a situação de calamidade pública e dos auxílios prestados pela União, foi sugerido um valor do FPM em níveis de 2019, caso se observassem valores menores do que em 2020 por conta da crise. Em 2021, pelo menos a princípio, não haverá prorrogação dos auxílios aos estados e municípios por tanto não haverá essa garantia de manutenção do valor do FPM. Seria interessante que cada município tivesse caixa, dado que é um ano ainda cheio de incertezas na economia.”
LOC.: Para se ter uma ideia da importância dessas transferências de recursos aos municípios, o documento revela que em 2019 o total de transferências constitucionais e voluntárias para os municípios atingiu a cifra de R$ 475,9 bilhões. As transferências representam duas terças partes dos recursos municipais: 64,85%.