LOC.: O Brasil se aproxima da infeliz marca de 100 mil vítimas pela Covid-19, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde. Diante desse cenário, autoridades sanitárias, instituições e pesquisadores tentam propor soluções para que a curva de contágio e mortes seja arrefecida.
Pensando nisso, 13 entidades científicas da saúde e bioética e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) — integrantes do movimento Frente pela Vida — entregaram ao Ministério da Saúde um Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19. A iniciativa traz uma série de propostas e recomendações de pesquisadores e profissionais da saúde para que o país “supere a grave crise sanitária”.
No entendimento da Frente pela Vida, o primeiro o para isso é uma coordenação nacional para o enfrentamento à pandemia, que contemple o Ministério da Saúde, as secretarias estaduais e municipais e entidades da saúde. É o que explica, Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), uma das entidades que compõem o movimento.
TEC./SONORA: Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
“O principal objetivo do plano é a elaboração de uma estratégia nacional integrada com estados e municípios. A inexistência desse plano e de uma voz única de comando que possa articular todas as medidas necessárias faz com que o país fique totalmente para trás dos países que conseguiram enfrentar essa grave pandemia.”
LOC.: O plano da Frente pela Vida traz 70 recomendações dirigidas às autoridades políticas e sanitárias, aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e à sociedade. Ao Ministério da Saúde recomenda, por exemplo, a elaboração de um Plano Estratégico Nacional de Intervenção, que contaria com a participação da comunidade científica.
Para tentar conter a curva de contaminação da Covid-19, por exemplo, o movimento sugere que as equipes de atenção primária do SUS, coordenadas pelas autoridades sanitárias, façam uma busca ativa de casos confirmados e suspeitos do novo coronavírus. O objetivo é interromper ou bloquear a cadeia de transmissão.
Aos gestores do SUS, a Frente recomenda a implementação de uma linha de atendimento adequada para os pacientes em diferentes fases da doença e a adoção do regime de teleatendimento por 24 horas, o que facilitaria a triagem dos casos graves e daqueles que precisam apenas da quarentena para tratar a doença.
A professora e presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo e Silva, reforça as principais medidas recomendadas pelas entidades na área da saúde.
TEC./SONORA: Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
“Recomendamos que seja feito o isolamento rigoroso de casos da doença ou prováveis, que tenha protocolo de segurança para os profissionais que estão na linha de frente e o fortalecimento das linhas de cuidado para atender aos pacientes nas diferentes fases da doença.”
LOC.: O documento assinado pelas 13 entidades e pelo CNS não restringe as propostas a área da saúde. No campo social pede que a renda básica aos informais garantida pelo governo federal durante a pandemia seja ampliada até que essas pessoas tenham trabalho. Pedem também políticas direcionadas a populações que considera mais vulneráveis, como “negros, indígenas e quilombolas”.
A Frente pela Vida entra em questões mais polêmicas também. Em uma delas, sugere a revogação de PEC 95/2019, que instituiu o teto de gastos públicos. Segundo essas entidades, a medida teria limitado o investimento na aquisição de estrutura e insumos para o enfrentamento à pandemia.
A reportagem do Brasil 61 procurou o Ministério da Saúde para saber se o órgão pretendia implementar alguma das propostas que a Frente sugeriu, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Reportagem, Felipe Moura.