LOC.: O Governo Federal também estendeu a mão à cultura neste momento de crise financeira ocasionada pela pandemia. O presidente Jair Bolsonaro sancionou, no último dia 30, a Lei nº 14.017/2020. A Lei Aldir Blanc, batizada assim em homenagem ao compositor que faleceu em decorrência da Covid-19, destina auxílio financeiro de R$ 3 bilhões para o setor, que precisou parar por conta da emergência de saúde pública. O valor, oriundo, em sua maioria, do Fundo Nacional de Cultura (FNC), será reado em parcela única para estados, municípios e Distrito Federal, e tem como objetivo auxiliar profissionais e locais de manifestação artística que perderam verbas em decorrência do coronavírus.
O ree dos recursos se dará de forma descentralizada. Metade desse valor deverá ser reados aos estados e ao Distrito Federal, sendo 20% de acordo com os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 80% proporcionalmente à população. Os outros R$ 1,5 bilhão vão para os municípios, sendo 20% de acordo com os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e 80% proporcionalmente à população.
O principal público alvo da medida são os artistas informais, que terão direito ao pagamento de três parcelas de R$ 600, ajuda similar ao benefício concedido pelo Governo Federal aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados.
Fúlvio Wagner, vice-presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru, em Pernambuco, explica que o auxílio deve conseguir ajudar todos os trabalhadores ligados à cultura depois de mais de 100 dias de palcos vazios. Ele conta que o mês de junho em Caruaru é de intensa movimentação cultural, com a contratação de mais de 500 artistas nesta época que seria festiva não fosse a pandemia. Assim, o auxílio acaba vindo na hora de maior necessidade.
TEC./SONORA: Fúlvio Wagner, vice-presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru
“Essa lei foi uma conquista para o setor cultural no Brasil. São R$ 3 bilhões que serão destinados a quem faz parte dessa cadeia produtiva. O grande desafio, agora, é operacionalizar isso. A classe artística foi a primeira que parou os eventos culturais e provavelmente será a última que vai voltar.”
LOC.: Em relação aos R$ 3 bilhões, 20% deverão ser usados na manutenção de espaços artísticos e micro e pequenas empresas culturais, cooperativas e instituições que tiveram as suas atividades interrompidas por força das medidas de isolamento social. O valor será de R$ 3 mil a R$ 10 mil, a ser decidido pela prefeitura, e também vai se estender por três meses. O recurso também poderá ser usado para editais, chamadas públicas, prêmios, aquisição de bens e serviços vinculados ao setor cultural.
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) comemorou a iniciativa do governo, mesmo porque teve participação ativa durante toda a tramitação da lei. Ana Clarissa Fernandes, analista técnica de cultura da CNM, explica que a Lei Aldir Blanc tem enorme impacto em termos de volume e, além de trazer auxílio neste momento difícil, ganha destaque por uma capilaridade nunca antes vista na história das políticas culturais do Brasil. Não à toa vários municípios brasileiros receberão pela primeira vez algum ree da União destinado à cultura.
TEC./SONORA: Ana Clarissa Fernandes, analista técnica de cultura da CNM
“Numa pesquisa que a CNM fez ano ado, com dados referentes aos anos de 2008 a 2018 conferimos que apenas 12% dos municípios conseguiram firmar um convênio ou um contrato de ree com o antigo Ministério da Cultura. Estamos falando de 88% dos municípios que nos últimos 10 anos não conseguiram transferência da União no campo da cultura. Muitos deles receberão, então, esses recursos pela primeira vez.”
LOC.: A Lei Aldir Blanc não estipulou uma data para a transferência dos recursos por parte da União e os entes federados aguardam, agora, uma regulamentação federal que determine os prazos e esclareça alguns pontos dos rees que ainda estão em aberto.