LOC: O ano de 2021 começou com esperança para os brasileiros: a chegada da tão esperada vacina contra a Covid-19. Mas após quase um ano convivendo com o vírus, a boa notícia tem se transformado em um problema. Denúncias de desvio de vacinas nas unidades da Federação comprometem a chance de milhões de brasileiros que aguardam a vez na fila e colocam gestores em todo o País em situação de alerta.
O Ministério Público Federal (MPF) requisitou da prefeitura de Manaus, de forma imediata e urgente, informações sobre os profissionais de saúde já vacinados, a escala de trabalho dos profissionais na Unidade Básica de Saúde (UBS) Nilton Lins em janeiro e a lista de atendimentos realizados por eles na unidade de saúde nos dias 18 e 19 deste mês. A principal acusação sobre irregularidades na vacinação em Manaus envolve duas médicas vacinadas no dia 18 de janeiro. A família das jovens é dona de hospitais e universidades particulares em Manaus, entre outros negócios.
O secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Gilberto Perre, alerta que é preciso respeitar as prioridades e que a entidade vem orientando os gestores sobre os procedimentos.
TEC/SONORA: Gilberto Perre, secretário-executivo da FNP
“As vacinas não são suficientes sequer para esse grupo prioritário e os governantes estão junto com os secretários de Saúde em permanente contato com o governo federal para definir essa prioridade. A FNP está orientando seus associados para seguirem com bastante rigor nessa fila, respeitando quem é prioridade.”
LOC.: Além do Amazonas, estados como Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe também enfrentaram casos de “fura-filas” no esquema de vacinação, incluindo prefeitos e pessoas em cargos públicos.
A especialista em saúde e direito médico Mérces da Silva Nunes reforça quem são as pessoas que têm direito à vacina nesse primeiro momento.
TEC./SONORA: Mérces da Silva Nunes, especialista em saúde e direito médico
“Os gestores municipais devem observar e garantir a vacinação dos grupos prioritários, que são os grupos de risco, que envolvem todos os profissionais de saúde, e os grupos vulneráveis, principalmente idosos que vivem em instituições de longa permanência (asilos). Eles devem garantir que esses grupos tenham prioridade na vacinação sem qualquer alteração.”
LOC.: O Ministério Público pede que a população ajude a identificar casos de fraudes pelos canais virtuais de atendimento. O órgão orienta reunir o máximo de informações possíveis, como fotos, vídeos, mensagens, data da ocorrência, local e nomes de possíveis envolvidos.
Qualquer pessoa que não se encaixe nos critérios para vacinação nesse primeiro momento e tenha se vacinado deve ser denunciada. A prática pode ser enquadrada como improbidade istrativa. O responsável pela fraude pode ser punido não só criminalmente, mas até perder o cargo ou função pública, caso seja servidor ou agente público, e ser condenado a pagar multa até 100 vezes o valor do salário que recebe.
Reportagem, Jalila Arabi.