LOC.: O município de Cavalcante é um quinhão de terra encrustado no interior de Goiás, com uma população menor que dez mil habitantes ocupam uma área que não chega a sete mil quilômetros quadrados. Hoje a cidade abriga uma parte da comunidade Kalunga, além de cerca de 60% da área total do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que faz da pequena cidade um ponto de parada para o turismo ambiental.
Mesmo assim, Cavalcante configura na lista das localidades brasileiras com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), na posição 4.540º entre os 5.570 municípios do País.
Para municípios assim, estar localizado às margens de uma rodovia que corta o estado ou País, é mesmo que dizer novas formas de conseguir novas fontes de renda e ampliar a exploração do turismo. É o que explica Thaís Strozzi Carvalho, que é especialista em direito istrativo e infraestrutura.
TEC./SONORA: Thaís Strozzi Carvalho, especialista em direito istrativo e infraestrutura.
“O investimento em infraestrutura é essencial para o crescimento econômico e sustentável do País, principalmente se considerarmos que o principal meio de logística de distribuição aos municípios é o rodoviário, o fato de uma BR ar por municípios menores é de suma importância ao desenvolvimento local. Seja para trazer mais turismo ou para o escoamento da produção já existente na região.”
LOC.: E por muitos anos essa foi uma esperança de Cavalcante, inserida no planejamento de governo do presidente Juscelino Kubitschek, na campanha dos “50 anos em 5”, com a criação da BR-010, que liga o Distrito Federal ao Pará. Apesar disso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), anunciou que a estrada, anteriormente planejada para ar por Cavalcante, foi deslocada para outra área. Para o líder comunitário e quilombola, Cezariano Paulino da Silva, manter o plano original não vai causar danos, pelo contrário, deve ajudar a região a melhorar as condições de vida da população local.
TEC./SONORA: Cezariano Paulino da Silva, líder comunitário e quilombola.
“A nossa esperança estava nessa BR, que iria desenvolver muito por aqui e tínhamos expectativa de grande melhora. Agora, tem até pessoas que já falaram que se a BR não for ar por aqui, vai ter de se mudar porque não há desenvolvimento. Com a BR, nós poderíamos buscar mercado por fora para escoar o pouco que a gente produz aqui na região.”
LOC.: Segundo o órgão, foram estudadas duas alternativas de traçado, nomeadas como Alternativa 1 e Alternativa 2 (que a por Cavalcante), sendo a primeira com uma extensão de 277,10 km e a segunda com 272,32 km, em que ambos os traçados sugeridos interceptam, em parte, a Comunidade Quilombola Kalunga.