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Foto: Marcus Dall Col on (Unsplash)
Foto: Marcus Dall Col on (Unsplash)

Cavalcante (GO) pode virar uma “cidade fantasma”

Após aguardar por mais de 60 anos a chegada da BR-010, município recebeu a notícia de que projeto da rodovia vai ar longe


O município de Cavalcante é um quinhão de terra encrustado no interior de Goiás, com uma população menor que dez mil habitantes e ocupam uma área que não chega a sete mil quilômetros quadrados. A cidade tem origem antiga na história do Brasil, que remota à década de 1730 com as expedições em busca de novas minas de ouro pela região. Apesar disso, oficialmente, só em 1939 que a cidade foi instalada na Federação.

Hoje Cavalcante abriga uma parte da comunidade Kalunga, dentro do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, principalmente no Povoado Engenho e no Vão do Moleque, além de cerca de 60% da área total do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que faz da pequena cidade um ponto de parada para o turismo ambiental. Principalmente para os frequentadores de cachoeiras e praticantes de trilhas pelo cerrado, uma vez que a região possui incontáveis destinos dessa categoria e torna a economia do município mais forte por conta do turismo. Mesmo assim, a cidade configura na lista das localidades brasileiras com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), na posição 4.540º entre os 5.570 municípios do país.

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O IDHM é uma medida elaborada com indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Neste caso, Cavalcante possui a classificação 0,584, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para municípios assim, estar localizado às margens de uma rodovia que corta o estado ou País, é mesmo que dizer novas formas de conseguir fontes de renda e ampliar a exploração do turismo. E por muitos anos essa foi uma esperança de Cavalcante, inserida no planejamento de governo do presidente Juscelino Kubitschek, na campanha dos “50 anos em 5”, com a criação da BR-010, que liga o Distrito Federal ao Pará.

É o que explica Thaís Strozzi Carvalho, que é especialista em direito istrativo e infraestrutura. “O investimento em infraestrutura é essencial para o crescimento econômico e sustentável do País, principalmente se considerarmos que o principal meio de logística de distribuição aos municípios é o rodoviário. O fato de uma BR ar por municípios menores é de suma importância ao desenvolvimento local. Seja para trazer mais turismo ou para o escoamento da produção já existente na região”, destacou a especialista.  

Apesar disso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), anunciou que a estrada, anteriormente planejada para ar por Cavalcante, foi deslocada para outra área. Segundo o órgão, foram estudadas duas alternativas de traçado, nomeadas como Alternativa 1 e Alternativa 2 (que a pela cidade), sendo a primeira com uma extensão de 277,10 km e a segunda com 272,32 km, em que ambos os traçados sugeridos interceptam, em parte, a Comunidade Quilombola Kalunga.

Entre os dois projetos, foi considerado que a Alternativa 1 apesar de mais longa por poucos quilômetros, tem possibilidades de causar uma intervenção menos impactante na região.



Para o líder comunitário e quilombola, Cezariano Paulino da Silva, manter o plano original não vai causar danos, pelo contrário, deve ajudar a região a melhorar as condições de vida da população local. “A nossa esperança estava nessa BR, que iria desenvolver muito por aqui e tínhamos expectativa de grande melhora. Agora, tem até pessoas que já falaram que se a BR não for ar por aqui, vai ter de se mudar porque não há desenvolvimento. Com a BR, nós poderíamos buscar mercado por fora para escoar o pouco que a gente produz aqui na região”, afirmou.    

O relato vai ao encontro do sentimento da moradora e empresária, Gabriela Maciel França, que lamenta a perda da oportunidade que poderia alavancar a economia da cidade. “Eu, como empresária, sinto um prejuízo muito grande porque era uma oportunidade que a cidade teria para se desenvolver, considerando que aqui já se tentaram outras formas. Mas, infelizmente, só tivemos retrocesso como por exemplo o transporte que nós tínhamos, um ônibus que saía com destino à Brasília e Colinas do Sul, e hoje em dia não temos mais linha de transporte para Cavalcante exceto o pirata”, declarou a comerciante.

A importância de uma estrada e os impactos provocados em uma população geram fomento na economia de comunidades mais distantes. É essa a opinião da Marcielly Cardoso Roquete, que é especialista em istração pública e mestranda em transporte pela UnB. De acordo com ela, “as rodovias têm esse poder de levar desenvolvimento aos municípios, pois elas geram renda para a população e consequentemente acabam fortalecendo a economia local. As rodovias abrem o caminho para o crescimento de regiões localizadas estrategicamente ao seu redor”, explicou.

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LOC.: O município de Cavalcante é um quinhão de terra encrustado no interior de Goiás, com uma população menor que dez mil habitantes ocupam uma área que não chega a sete mil quilômetros quadrados. Hoje a cidade abriga uma parte da comunidade Kalunga, além de cerca de 60% da área total do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que faz da pequena cidade um ponto de parada para o turismo ambiental. 
Mesmo assim, Cavalcante configura na lista das localidades brasileiras com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), na posição 4.540º entre os 5.570 municípios do País. 
Para municípios assim, estar localizado às margens de uma rodovia que corta o estado ou País, é mesmo que dizer novas formas de conseguir novas fontes de renda e ampliar a exploração do turismo. É o que explica Thaís Strozzi Carvalho, que é especialista em direito istrativo e infraestrutura.
 

TEC./SONORA: Thaís Strozzi Carvalho, especialista em direito istrativo e infraestrutura.
“O investimento em infraestrutura é essencial para o crescimento econômico e sustentável do País, principalmente se considerarmos que o principal meio de logística de distribuição aos municípios é o rodoviário, o fato de uma BR ar por municípios menores é de suma importância ao desenvolvimento local. Seja para trazer mais turismo ou para o escoamento da produção já existente na região.”
 


LOC.:  E por muitos anos essa foi uma esperança de Cavalcante, inserida no planejamento de governo do presidente Juscelino Kubitschek, na campanha dos “50 anos em 5”, com a criação da BR-010, que liga o Distrito Federal ao Pará. Apesar disso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), anunciou que a estrada, anteriormente planejada para ar por Cavalcante, foi deslocada para outra área. Para o líder comunitário e quilombola, Cezariano Paulino da Silva, manter o plano original não vai causar danos, pelo contrário, deve ajudar a região a melhorar as condições de vida da população local.

TEC./SONORA: Cezariano Paulino da Silva, líder comunitário e quilombola.
“A nossa esperança estava nessa BR, que iria desenvolver muito por aqui e tínhamos expectativa de grande melhora. Agora, tem até pessoas que já falaram que se a BR não for ar por aqui, vai ter de se mudar porque não há desenvolvimento. Com a BR, nós poderíamos buscar mercado por fora para escoar o pouco que a gente produz aqui na região.”
 


LOC.: Segundo o órgão, foram estudadas duas alternativas de traçado, nomeadas como Alternativa 1 e Alternativa 2 (que a por Cavalcante), sendo a primeira com uma extensão de 277,10 km e a segunda com 272,32 km, em que ambos os traçados sugeridos interceptam, em parte, a Comunidade Quilombola Kalunga.