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A notícia da insuficiência cardíaca do apresentador Fausto Silva ainda repercutia quando o Brasil inteiro ficou sabendo que ele já havia recebido um novo coração. Esse fato gerou muita especulação, fake news e boatos maldosos sobre a correção do sistema de transplantes brasileiro, aliás, o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo — segundo o Ministério da Saúde.
Apesar da polêmica, segundo os especialistas — e as estatísticas oficiais — a eficiência do sistema e a rapidez no processo é o que salvam vidas. Segundo o Ministério, um em cada quatro transplantes de coração ocorrem em menos de 30 dias. Em 2023 foram realizados 262 transplantes de coração, 72 ocorreram em menos de um mês. E mais da metade dos pacientes recebeu o novo coração em até 90 dias. Segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão, o tempo não é previsível.
“O paciente, no momento que ele entra na lista, ele já está concorrendo. Então se acontecer uma doação duas horas depois que o paciente entrou na lista e os critérios técnicos daquele doador são favoráveis para aquele paciente, ele será contemplado. Já ocorreu no nosso país, de paciente com transplante com menos de 24 horas. Os critérios estão lá, são técnicos, são estabelecidos, e acontece uma doação que casa os critérios do doador com aquele receptor inserido.”
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O professor de matemática Luiz Carlos Domenico, hoje com 73 anos, descobriu numa consulta de rotina ao médico que estava com um problema no fígado. Durante o exame específico, a médica disse que só o transplante salvaria a vida dele. Foram 2 anos de espera até que um doador compatível aparecesse. Em 2009 recebeu o órgão de um doador da mesma cidade, Curitiba, no Paraná.
Lá se vão 14 anos desde a cirurgia que salvou a vida dele. Para o professor, que hoje vive uma vida normal e saudável graças a um doador, é fundamental que as pessoas conversem com seus familiares sobre o assunto.
“Tem que conversar por que às vezes é a pessoa é e nunca falou nada. Quem não tem na família ou num conhecido, no vizinho, alguém que está envolvido com transplante, a pessoa não pensa nisso, pois não fez parte da vida dela. Então tem que chamar a atenção para que você tenha mais pessoas querendo ser doador”
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Atualmente, 379 pessoas esperam por um transplante de coração no Brasil. A lista é única, ou seja, vale tanto para pacientes do SUS, quanto para os da rede privada. O primeiro critério seguido na lista de transplantes é a ordem de chegada. A partir daí são seguidos critérios técnicos, como: tipo sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e gravidade do estado de saúde do paciente.
Por se apresentar em dupla no organismo, o rim pode ser doado também por pacientes vivos, e não é raro acontecer. A médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto, faz um chamado para toda população brasileira:
“O sistema de transplante funciona independente de classe, religião e dinheiro, ele funciona muito sério no nosso país. E qual é o recado que eu quero deixar aqui: o que vai agilizar esse sistema? É a sua doação. É o fato de você se declarar doador e falar para a sua família que você é doador.”
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Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos no Brasil. Mas, por lei, a decisão de doar cabe aos familiares.
Portanto, o interessado deve manifestar à família o desejo de ser um doador.
Ao constatar a morte de um parente, a família deve informar o fato à equipe médica, que tomará as medidas necessárias para receber os órgãos doados, no menor prazo e nas condições técnicas adequadas.
Reportagem, Lívia Braz