LOC.: Não é só no noticiário policial, nos debates políticos e nas redes sociais — a violência eleitoral está também nos números. Dados do boletim trimestral do Observatório da Violência Política e Eleitoral mostram que entre abril e junho deste ano foram registrados 128 casos de violência contra lideranças políticas. O que mostra um aumento de mais de 100% em relação ao trimestre anterior.
A região mais atingida foi o Sudeste, com 47 casos. São Paulo é o estado mais violento: 21 casos, seguido por Bahia e Rio de Janeiro, ambos com 15 registros. Para o especialista em segurança e professor da FGV, Jean Menezes de Aguiar, o que estamos vendo hoje na política é um reflexo da sociedade violenta que temos no Brasil, com 60 mil homicídios por ano.
Mas Menezes destaca outros pontos.
TEC/SONORA: Jean Menezes de Aguiar, especialista em segurança e professor da FGV
“A entrada do crime organizado na política, em que políticos possam obter com mais facilidade essas vinganças e esses crimes. Poderia ser esta uma das explicações. Só se fala em PCC nos debates de São Paulo, o que mostra que ele [PCC] virou um ator coadjuvante nessa história.”
LOC.: O especialista ainda levanta uma outra característica da sociedade que vem tomando corpo há algumas eleições: o acirramento da agressividade e das emoções exageradas que acabam resultando em violência física. Ele usa o exemplo do candidato à prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena para explicar um ponto que está previsto no direito penal.
TEC/SONORA: Jean Menezes de Aguiar, especialista em segurança e professor da FGV
“Essa emoção com violência está prevista como total atenuante no processo penal. Por isso que não deverá acontecer nada com o Datena.”
LOC.: Relembrando o episódio em que, durante um debate na televisão, o candidato Pablo Marçal (PRTB-SP) recebeu uma cadeirada de Datena após inúmeras provocações que fez ao oponente. Polarização que para Menezes tem como consequência mais visibilidade para os envolvidos, já que gera conteúdos que repercutem e “vendem” nas redes sociais.
Para tentar conter a violência no dia das eleições, a Força Federal será enviada a 12 estados no próximo dia 6. O objetivo, segundo a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, é garantir que o processo eleitoral transcorra de forma ordeira e tranquila.
Reportagem, Lívia Braz