LOC.: A declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se queixou do "muito poder" que a Câmara dos Deputados possui, não afeta apenas a relação entre Executivo e Legislativo, mas tem impactos sobre a economia do país. É o que avalia o cientista político e economista Newton Marques.
O especialista explica que os agentes do mercado financeiro, por exemplo, antecipam os movimentos da economia com base em diversos fatores, inclusive a partir do que dizem os políticos.
TEC./SONORA: Newton Marques, cientista político e economista
"A bolsa de valores é movida por boatos. Não é pelo fato. 'Ah, a Petrobras descobriu um poço de petróleo'. 'Mas ninguém confirmou ainda'. 'O lucro dos bancos vai ser pior do que foi'. 'Mas nem aconteceu'. Eles trabalham nas expectativas. Então, se tem expectativas negativas, claro que isso vai acabar afetando."
LOC.: A fala do ministro Haddad sobre a atuação da Câmara ocorreu na última segunda-feira (14) e gerou mal-estar entre os líderes partidários. Uma reunião para discutir o arcabouço fiscal estava marcada para o mesmo dia, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira, cancelou o encontro após a repercussão negativa.
Lira disse que os deputados ficaram "surpresos" com a declaração do ministro, a qual classificou como "inapropriada". Mas o presidente da Câmara destacou que o mal-estar não vai atrapalhar a tramitação de matérias importantes para o governo — como o projeto do novo arcabouço fiscal, que vai substituir o teto de gastos.
TEC./SONORA: Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados
"A Câmara nunca foi e não será irresponsável com os temas que são essenciais para o Brasil. Nós discutimos isso hoje no colégio de líderes e ficou marcada uma reunião com o relator, técnicos da Fazenda, técnicos da Câmara e líderes partidários, para que se discuta a questão da modificação do prazo do cálculo do IPCA. Isso sendo acordado, na terça-feira essa matéria vai ao Plenário."
LOC.: Uma reunião marcada para a próxima segunda-feira (21) deve servir para que os líderes partidários decidam se vão manter as alterações que o Senado fez no texto do arcabouço fiscal. Entre elas, está aquela que dá ao governo mais dinheiro para gastar no ano que vem.
Reportagem, Felipe Moura.