LOC.: Apesar das campanhas educativas feitas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), como a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, que este ano aconteceu entre 14 e 21 de dezembro, a falta de doadores compatíveis para possibilitar o transplante é um problema crônico no País, afetando milhares de pessoas com esse problema de saúde. Desde 2009, os nossos hemocentros fazem campanhas informativas e cadastro de doadores para incentivar os cidadãos a praticarem esse ato de solidariedade.
Hoje, o Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula no mundo, com mais de 5,5 milhões de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Apesar disso, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a chance de achar doador compatível de medula óssea é 1 em cada 100 mil.
O hematologista e coordenador de hematologia e transplante de medula óssea do hospital Sírio-Libanês Brasília Volney Vilela, explica que o termo mais adequado para o procedimento é transplante de células-tronco hematopoéticas.
TEC./SONORA: Volney Vilela, hematologista e coordenador de hematologia e transplante de medula óssea do hospital Sírio-Libanês Brasília
"A nomenclatura popular, né, transplante de medula óssea, mas de fato atualmente o que a gente menos faz é transplantar as células da medula óssea usando como fonte a retirada dessas células via cirurgia da medula óssea. Noventa e cinco por cento dos transplantes atualmente são feitos como fonte e as células tronco de sangue periférico, e não medula óssea".
LOC.: Segundo o especialista, o transplante é dividido em dois tipos: autogênico, quando a medula vem da própria pessoa; ou alogênico, com uma doação de outra pessoa, normalmente um familiar, como irmãos ou pais. Quando um doador familiar não é encontrado, é necessário procurar um doador compatível na população. A busca é feita pelo Redome, que reúne todos os dados dos voluntários.
Diagnosticada com anemia falciforme por toda a vida, Silvane Mendes Lúcio, de 43 anos, ou anos tentando tratamentos para melhorar sua qualidade de vida. Ela recebeu a indicação para fazer o transplante de medula óssea em 2002,. Após complicações graves da doença, o transplante só foi realizado em junho deste ano, pelo hematologista Volney Vilela.
TEC./SONORA: Silvane Mendes Lúcio, 43 anos
“A princípio, quando o doutor Volney me disse que eu precisava desse transplante eu me assustei, porque eu já sabia, eu já havia pesquisado como seria esse transplante. Eu sabia que era um procedimento bem difícil, então, a princípio fiquei com bastante medo e relutei um pouco. Mas, por outro lado ,eu sabia que se eu não fizesse eu também correria risco de vida né? Porque já a doença estava bem grave”.
LOC.: De acordo com o Ministério da Saúde, para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa no sangue ou incapacitante; além não apresentar doenças hematológica, sistema imunológico ou câncer.
O primeiro o é realizar o cadastro no hemocentro mais próximo. Será feita a coleta de amostra de sangue para o exame de compatibilidade, avaliações clínicas e outros exames para garantir a segurança do doador e do paciente.
Após isso, os dados serão inseridos no Redome e quando houver um paciente com possível compatibilidade, o voluntário é contatado. O material pode ser enviado para o paciente da mesma cidade, do mesmo país ou fora do Brasil.
Reportagem, Nathália Guimarães.