Voltar

ou

Cadastro de mídia
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Máscaras N95 são melhores contra Covid-19, diz pesquisador

A eficiência de filtração da máscara N95 foi comprovada por estudo com 227 modelos, coordenado pelo professor do Instituto de Física da USP, Paulo Artaxo


Após mais de um ano de pandemia, é consenso que o uso de máscaras é um importante aliado no combate ao novo coronavírus. Mas estudos vêm mostrando diferenças consideráveis de proteção em alguns tipos de máscaras. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, avaliou a eficiência de filtração de 227 modelos vendidos no Brasil e percebeu que ela pode ser de 15%, como percebido em certos tipos de máscaras de tecido, até 98%, como avaliado em máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95.
 
Para detalhar esse estudo e elucidar sobre os melhores tipos de proteção contra a Covid-19, o portal brasil61.noticiasdoacre.com conversou com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e coordenador da pesquisa. Paulo cita que um dos principais pontos das conclusões é que a eficiência de proteção pelos diferentes tipos de máscaras tem uma grande variação, mas que as melhores são as chamadas N95, embora custem mais.
 
“Elas têm eficiência de coleção de partículas muito boa, mas custam muito caro. Em segundo lugar, vieram as chamadas máscaras cirúrgicas. São essas máscaras que você compra na farmácia, feitas de tecido não tecido, chamado de TNT, um plástico polipropileno que tem altíssima eficiência de retenção do vírus e tem uma boa respirabilidade. Essas máscaras têm uma eficiência de 80% até 90% de retenção do vírus. E, por último, ficaram as máscaras de pano.”

Máscaras N95 x máscaras de pano

Os estudos conduzidos por Paulo Artaxo foram apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Eles utilizaram um equipamento que produz partículas de aerossol a partir de uma solução de cloreto de sódio e, após o jato de aerossol ser lançado no ar, mediu a concentração de partículas antes e depois de cada máscara.
 
“As máscaras de pano, dependendo de como você faz – se você faz com uma, duas ou três camadas –, têm eficiência de proteção da sua saúde que varia muito. Algumas máscaras de pano, muito porosas, têm eficiência baixa, só de 20% de coleta do vírus. Outras, feitas com tecido com trama mais fechada, têm uma eficiência maior, às vezes na ordem de 60% a 70%”, numera o físico.
 
Esse tipo de máscara começou a ser deixado de lado com o ar da pandemia. Porém, Paulo lembra que quem não tem condições financeiras de custear os produtos mais profissionais, não deve abandonar a já tradicional proteção de pano. “Agora, cuide para que o ajuste da máscara no seu rosto seja o melhor possível. De preferência, use aqueles clipes metálicos no nariz, porque, obviamente, em qualquer buraco que possa ter, o ar vai ar por ali sem ser filtrado.”


 
O tecido também deve ser reforçado. Segundo o professor, três camadas são essenciais. Mais ou menos do que isso pode ser prejudicial, ou atrapalhar a respiração ou deixar com baixa eficiência. “Mas você não dobra a eficiência da máscara se usa duas máscaras. Elas têm que ser confortáveis para o seu uso. E, às vezes, o uso de duas, uma em cima da outra, prejudica a respirabilidade”, lembra.
 
Paulo também ressalta que a pessoa que está de máscara em um ambiente fechado, sem circulação de ar, pode ser contaminada, independentemente do tipo de proteção que utilizar. “Sem dúvida nenhuma. O ambiente tem que ser o mais ventilado possível para diminuir a propagação do vírus. Muitos exemplos no exterior foram feitos de pessoas contaminadas que vão para o restaurante, por exemplo, e acabam contaminando cinco ou dez pessoas nas mesas próximas”, cita.


 
Assista agora à entrevista completa e exclusiva com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP:

Receba nossos conteúdos em primeira mão.

LOC.: Olá, sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou Alan Rios e vou conversar com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, que produziu uma pesquisa sobre a eficiência de cada tipo de máscara comercializada hoje contra a Covid-19. Paulo, obrigado pela participação e seja bem-vindo!
 

“Eu que agradeço poder falar com você e todos os ouvintes.”
 


LOC.: Professor, o senhor produziu uma pesquisa que avaliou a eficiência de filtração de 227 modelos de máscaras vendidas no Brasil para saber em que medida a população está realmente protegida. Quais foram as conclusões desse estudo?
 

“A eficiência de proteção das pessoas pelos diferentes tipos de máscaras varia muito. As melhores máscaras, como esperado, são as chamadas N95 que são máscaras profissionais, elas têm eficiência de coleção de partículas muito boa. Mas tem um custo alto. Em segundo lugar, vieram as chamadas máscaras cirúrgicas, são essas máscaras que você compra na farmácia, custam cinco, sete reais cada uma e elas são feitas de tecido não tecido, chamado TNT. E, por último, as máscaras de pano. As máscaras de pano, dependendo de como você faz, se você faz com uma, duas ou três camadas, elas têm eficiência de proteção da sua saúde que varia muito. Algumas máscaras de pano, muito porosas, têm eficiência baixa, só de 20% de coleta do vírus. Outras máscaras de pano, feitas com tecido com trama mais fechada, têm uma eficiência maior, às vezes na ordem de 60% a 70% por cento.”
 


LOC.: Isso é interessante professor, porque a máscara mais utilizada hoje é aquela de pano, que as autoridades em saúde chegaram até a produzir campanhas de como fazer. O que mudou do começo da pandemia para esse momento de agora? Elas devem ser abandonadas?
 

“Não, elas não devem ser abandonadas. A melhor proteção contra o Covid é: primeiro, a vacina. Segundo: usar máscara toda vez que você estiver em público, sem exceção. E terceiro: distanciamento social para dificultar a propagação do vírus. Então, máscaras são um instrumento essencial no controle da pandemia. O ideal seria a população se proteger com máscaras cirúrgicas, dessas que a gente compra em farmácia. Elas são razoavelmente bem padronizadas. Agora, se você quer usar sua máscara de pano, cuide para que o ajuste da máscara no seu rosto seja o melhor possível. De preferência, use aqueles clipes metálicos no nariz, porque, obviamente, em qualquer buraco que possa ter, o ar vai ar por ali sem ser filtrado, invés de ar pelo tecido que oferece alguma proteção.”


LOC.: Agora pensando em quem está nos ouvindo e soube pela sua explicação que a melhor máscara é a N95/PFF2, caso a pessoa e a utilizar essa máscara, como deve ser feito esse uso? Elas podem ser lavadas, reutilizadas?
 

“Olha, algumas dessas máscaras são laváveis, sim. Você pode lavar uma ou duas vezes, por exemplo. Deixe secar bem essas máscaras no sol, porque o vírus não tolera a radiação ultravioleta do sol. A luz do sol é uma das coisas mais eficientes para o vírus não sobreviver.”
 


LOC.: E a pessoa que está utilizando uma boa máscara, de forma correta, ainda corre risco de se contaminar em um ambiente fechado, sem circulação de ar?
 

“Corre, sem dúvida nenhuma. O ambiente tem que ser o máximo possível ventilado para diminuir a propagação do vírus. Muitos exemplos no exterior foram feitos de pessoas contaminadas que vão para o restaurante, por exemplo, e acabam contaminando cinco ou dez pessoas nas mesas próximas, a mesa onde aquela pessoa está. Se você vai para um lugar, você tem que evitar aglomerações o máximo possível, mas se você vai para um lugar que tenha aglomerações, fuja dele, não se aglomere com outras pessoas, porque é assim que o vírus se propaga. Manter o distanciamento social é a melhor coisa que você pode fazer para proteger a sua saúde e a saúde da sua família.”
 


LOC.: E com esse recado final nós chegamos ao fim do entrevistado da semana com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP. Paulo, muito obrigado pela sua participação!

“Obrigado! É sempre um prazer falar com vocês”.