LOC.: Portaria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) criou um grupo de trabalho para fomentar a indústria de medicamentos e insumos no país. A força-tarefa terá cinco integrantes do próprio ministério e de entidades do setor farmacêutico, além de cientistas e outros membros do Governo Federal. No entanto, segundo a portaria, os representantes de fora do ministério não terão direito a voto nas deliberações do colegiado.
O GT-Farma terá duração de 180 dias, período que poderá ser prorrogado caso o coordenador da força-tarefa julgue necessário. Paulo Alvim, secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI, afirma que o ministério já vinha estudando a implementação do grupo desde 2019, mas com o surgimento da pandemia da Covid-19 as discussões foram intensificadas.
“Basicamente, hoje você tem mais de 90% dos insumos fabricados na Índia e na China e um pouco na Europa, o que cria uma dependência.”
LOC.: O surgimento do novo coronavírus escancarou a dependência da indústria farmacêutica brasileira na matéria prima importada. Por conta da doença, diversas fábricas da China, principal fornecedor de insumos, foram fechadas temporariamente. Com isso, as importações ficaram prejudicadas.
O grande atrativo dos insumos chineses é o preço. No país asiático, há poucas leis trabalhistas e a carga tributária no segmento farmacêutico é bastante reduzida. Henrique Tada, presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), uma das entidades que integram o grupo de trabalho, diz que o Brasil já esteve entre os maiores fabricantes de insumos no mundo no ano de 1980.
“Chegamos a ser, na década de 80, o quinto maior produtor de matéria-prima farmacêutica do mundo. Mas com a abertura do mercado, que aconteceu no início dos anos 90, essa fabricação foi prejudicada.”
LOC.: O principal objetivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações em estimular o setor farmacêutico no país visa consolidar a soberania brasileira no setor, principalmente na produção da matéria prima utilizada na produção de medicamentos. No entanto, a fabricação de remédios no país é bastante consolidada.
Atualmente, o Brasil é o sexto maior mercado farmacêutico do mundo, segundo estudo da IQVIA, multinacional que atua na área de tecnologia e informação no segmento da saúde. Entre setembro de 2018 e setembro de 2019, a movimentação de varejo no setor foi de aproximadamente R$ 119 bilhões. O Conselho Federal de Farmácia contabiliza mais de 221 mil profissionais que atuam na área no Brasil.
Reportagem, Paulo Oliveira