LOC.: A primeira ferrovia estadual do país fica em Mato Grosso, o maior estado exportador de grãos do Brasil, e deve ficar pronta em 2030, com 743 quilômetros de extensão. Quase três vezes mais do que a malha viária do estado hoje, que é de apenas 300 quilômetros. A linha férrea sai de Rondonópolis, a por Cuiabá e chega até Nova Mutum e Lucas do Rio Verde.
Segundo o projeto, a ferrovia vai ar por 16 municípios mato-grossenses e se conectar com a malha ferroviária nacional, que tem como destino final o Porto de Santos. Para o especialista em economia dos transportes e professor da UnB Francisco Gildemir Ferreira da Silva, além de escoar a produção mato-grossenses, os trilhos vão permitir outras vantagens em diversos setores da economia.
TEC/SONORA: Gildemir Ferreira da Silva, especialista em economia dos transportes e professor da UnB
“Uma relação multiplicada por três, bem feita e bem organizada pelo estado, pode reduzir os custos de escoamento do produto e consequentemente ganhar mercado de forma mais intensa. Na verdade esse efeito também aumenta a receita do estado. Isso porque, de certa forma, reduz os custos logísticos envolvidos no processo e reduz também os custos para os operadores privados.”
LOC.: Mas um decreto promulgado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso suspendeu a construção da linha férrea. A alegação da ALMT era de que com a alteração lateral no traçado da ferrovia poderia haver risco para os moradores da área urbana de Rondonópolis.
A obra ficou parada por alguns dias, mas uma decisão do Tribunal de Justiça estadual suspendeu o decreto e os trabalhos foram retomados. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal para evitar novos embargos e dar seguimento à obra.
A advogada especialista em direito istrativo, Thalita Amaral, explica que essa decisão do STF pode demorar anos, até décadas. Mas nesse caso específico, pode andar mais rápido, já que vários órgãos têm interesse na conclusão do empreendimento.
TEC/SONORA: Thalita Amaral,advogada especialista em direito istrativo
“Levando em consideração o aspecto financeiro, o valor, a questão econômica e a própria economia do país, com a construção dessa ferrovia, existe um interesse dos ministros e até do próprio governo federal em querer alavancar a construção dessa ferrovia.”
LOC.: Na ação movida no STF, o governador alega que a cada dia de paralisação da obra, são estimados prejuízos de R$ 2 milhões, além do risco de mais de dois mil empregos diretos e indiretos. O projeto da ferrovia está estimado em R$ 12 bilhões.
Reportagem, Livia Braz