LOC.: Desde 2013, foram publicados decretos para facilitar a migração das emissoras de rádios que transmitem em AM para a faixa FM. O objetivo é melhorar a qualidade do som, já que as transmissões em AM sofrem com interferências e ruídos, além de não serem tão populares entre os jovens, que preferem rádios em FM.
Com isso, a Anatel destinou, para essas emissoras, uma faixa estendida que vai de 76,1 a 87,5 megahertz, já que que muitas regiões urbanas já tinham as respectivas frequências FM convencionais ocupadas de 87,7 a 107,9 megahertz.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília Nélia Rodrigues ressalta que apenas as emissoras AM de abrangência nacional devem permanecer ainda no dial. Já as locais são obrigadas a migrarem para o FM ou mudarem de categoria, como a regional, por exemplo.
TEC./SONORA: Nélia Rodrigues, professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UnB
“É preciso destacar que o rádio AM no Brasil foi perdendo prestígio e competitividade ao longo do tempo por três fatores: a perda da qualidade do som; a popularização do uso de celulares, que não captam emissoras AM; e a perda de financiamento publicitário e audiência. Problemas tecnológicos relacionados à sujeira no espectro radioelétrico também contribuíram com essa perda significativa de qualidade do serviço AM em todo o país.”
LOC.: A extensão da FM permite que mais emissoras de rádio tenham o ao dial, aumentando a diversidade da programação. Segundo o Ministério das Comunicações, dos mais de 1.600 pedidos de migração do AM para o FM, cerca de 400 devem ir para a faixa estendida.
O problema é que a maioria dos aparelhos de rádio atualmente ainda não possuem receptores compatíveis com essa nova faixa da FM estendida. Por isso, um projeto de lei, em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe que todos os aparelhos de rádio produzidos no Brasil possam operar nessa frequência.
Essa determinação já foi estipulada por uma portaria interministerial e está em vigor desde 2019. Mas o autor do PL, o deputado federal Cezinha de Madureira, do PSD de São Paulo, quer incorporar essa obrigação ao Código Brasileiro de Telecomunicações para garantir mais segurança jurídica.
Para a professora Nélia Rodrigues, a portaria sozinha não é suficiente.
TEC./SONORA: Nélia Rodrigues, professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UnB
“A lei também tem a sua importância, porque é uma garantia de cumprimento da norma pela indústria de produção de aparelhos receptores de rádio. E ela também dá segurança à [rádio] migrante, porque ela terá a garantia que sua emissora será ouvida na frequência expandida.”
LOC.: O PL 2096 de 2024 aguarda parecer do relator na Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados. Para virar lei, a proposta ainda precisa ser aprovada pelo plenário da Câmara e do Senado e sancionada pelo presidente da República.
Reportagem, Paloma Custódio