LOC: O programa de descontos no preço de veículos novos, os chamados "carros populares" - anunciado esta semana pelo governo federal - vai beneficiar a indústria automotiva. Mas esse incentivo ao setor, no curto prazo, irá depois provocar inflação. A observação é do professor Renan Silva, economista do Ibmec Brasília. Ele lembra que o dinheiro colocado à disposição do programa, num total de R$ 1,5 bilhão, será recuperado pelo governo a partir do próximo mês de setembro, através do aumento do preço do óleo diesel - e isso vai provocar o encarecimento do frete, gerando também o aumento no preço dos alimentos.
A medida foi anunciada na última terça-feira (6) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na ocasião, Haddad confirmou (que o programa de descontos no preço dos veículos) será bancado pelo aumento no preço do diesel em 11 centavos por litro – a partir de setembro deste ano.
Para o professor do Ibmec Renan Silva, a decisão não é recomendável, porque vai privilegiar apenas um setor da economia, e quem vai terminar pagando “a conta” é quem depende do preço do diesel - ou seja, a população mais pobre do país.
SONORA: Renan Silva, professor do Ibmec Brasília.
“De fato, representa um incentivo ao setor. Agora, esses incentivos localizados de forma seletista, isso na verdade acaba criando algumas descompensações, como por exemplo a antecipação da oneração dos combustíveis - que também atinge a camada mais pobre da população, uma vez que o frete fica mais caro, por exemplo, e acaba atingindo o preço dos alimentos lá na ponta final do consumo.”
LOC: A decisão do governo federal de incentivar a indústria automotiva ao promover um desconto de 2 a 8 mil reais no preço dos carros novos, além de outros veículos como ônibus e caminhões, foi anunciada na última terça-feira (6) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele informou que o programa será bancado pelo reajuste dos impostos cobrados sobre o óleo diesel, a partir de setembro deste ano, como forma de repor o incentivo de R$ 1,5 bilhão que serão destinados ao programa.
Haddad explicou que o governo só iria voltar a cobrar no ano que vem os 35 centavos de impostos federais (que o combustível ficou isento, durante a pandemia). Mas para bancar o programa de descontos no preço de carros populares, o Ministério da Fazenda decidiu adiantar a cobrança de 11 centavos a partir de setembro deste ano. Em entrevista coletiva, ele informou que o restante dos impostos sobre o óleo diesel voltará a ser cobrado a partir de janeiro de 2024.
SONORA: Fernando Haddad, ministro da Fazenda
“Dos 35 centavos por litro previstos de reoneração do diesel para janeiro - pela Medida Provisória assinada pelo presidente Lula, em 1º de janeiro desse ano - nós vamos trazer 11 centavos para daqui a 90 dias, que é a noventena. E isso vai colaborar para tirar pressão inflacionária de 2024, o que é bom para a autoridade monetária, que tem horizonte de tempo de planejamento mais longo”
LOC: Atualmente, o menor valor de um carro zero quilômetro vendido no mercado brasileiro é de R$ 68.990,00. Comerciantes de veículos ouvidos pelo portal de notícias Brasil 61 informaram que, depois da medida lançada pelo governo, a tendência é que o preço dos carros seminovos também comece a cair.
Reportagem: José Roberto Azambuja