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Barbeiro, vetor da Doença de Chagas. Foto: Arquivo/Fiocruz
Barbeiro, vetor da Doença de Chagas. Foto: Arquivo/Fiocruz

DOENÇA DE CHAGAS: Brasil não sabe ao certo quantos sofrem com doença

Para marcar o Dia Mundial da Doença de Chagas, 14 de abril, o governo lançou campanha para estimular que as pessoas procurem o SUS. Estima-se que entre 1% a 2,4% dos brasileiros sofram do mal


O Ministério da Saúde estima que entre 1,0% a 2,4% da população brasileira seja portadora do parasita responsável pelo desenvolvimento da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi, tradicionalmente transmitido pela picada do barbeiro.  Como o número de pessoas que efetivamente convivem com a doença ainda é desconhecido, a campanha do Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, traz como mensagem “Ajude-nos a saber quantos somos e onde estamos”. 

Hoje, a doença de Chagas já está em outro patamar epidemiológico, quando comparado à década de 1970, quando 18 estados do Brasil viviam em situação de endemia. Nos últimos 40 anos, houve uma redução de cerca de 70% dos casos agudos da doença de Chagas no Brasil. Contudo, o governo acredita que entre 1,9 milhão e 4,6 milhões de brasileiros estão infectados pelo parasita e convivem com a forma aguda ou crônica da doença. Uma dessas pessoas é a contadora de histórias de Olhos d'Água (GO) Nilva de Moraes, de 45 anos. Um dia, após um desmaio, buscou amparo médico e foi diagnosticada com Chagas. “Achei que ia morrer, fiz até seguro funeral”, conta. Mas, com o tratamento adequado, Nilva leva uma vida normal. 

Para tratar adequadamente a doença, em 2020, o Governo Federal incluiu a patologia entre aquelas de notificação obrigatória, o que atualmente é feito pelo sistema E-Sus Notifica. 
A iniciativa foi exaltada pela Organização Panamericana da Saúde (Opas). “É fundamental saber quantos são e onde estão as pessoas afetadas pela doença para que se tome as medidas adequadas para gestão, organização e logística para apoiar esforços de países empenhados em melhorar a atenção às pessoas afetadas”, ponderou Luiz Castellanos, chefe do departamento das doenças tropicais negligenciadas da Opas.  

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Transmissão

Calcula-se que a doença de Chagas ainda faça cerca de 14 mil mortes por ano no mundo. O levantamento é da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas. Tradicionalmente, as pessoas relacionam a transmissão da doença a partir da picada do barbeiro, cujas fezes contaminadas entram em contato com o ser humano picado e causam a infecção. Mas existem outras formas de transmissão, como a que ocorre por meio oral, quando o alimento está infectado. “O que é muito comum na Região Norte, especialmente em preparos com açaí, moagem de cana”, ressalta o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros. 

Além disso, ainda ocorre a transmissão vertical (de mãe para filho durante a gravidez) e a contaminação via transfusão de sangue, o que se tornou muito raro devido aos critérios utilizados para a triagem de doadores.  

“A doença de Chagas ainda pode afetar uma população de mais de 65 milhões. Sobretudo países da América Latina estão em risco. Já vencemos muitos desafios, já melhoramos as condições, mas a doença ainda persiste em função das desigualdades sociais. O Ministério da Saúde se compromete a continuar trabalhando para erradicar as várias formas dessa doença que será possível pelo esforço do sistema de saúde e pelo desenvolvimento socioeconômico dos nossos países”, finalizou o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. 

Para marcar o Dia Mundial da Doença de Chagas (14/04), o Ministério da Saúde promoveu um evento internacional para debater a doença, seus desafios e avanços nessa quinta-feira (13). A íntegra dos debates está disponível no Youtube

Características da doença

A doença de Chagas foi estudada e divulgada pelo médico brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas. Ele descobriu o vetor (barbeiro), o protozoário e ciclo da doença. A doença compromete o sistema cardiovascular e pode levar à morte. A Opas estima que cerca de 70% das pessoas que estão infectadas com o protozoário, desconhecem essa condição. 
 

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LOC: Calcula-se que a doença de chagas ainda faça cerca de 14 mil mortes por ano no mundo. O Ministério da Saúde estima que entre 1,0% a 2,4% da população brasileira seja portadora do parasita responsável pelo desenvolvimento da doença, tradicionalmente transmitida pela picada do barbeiro. Mas o número de pessoas que efetivamente convivem com a doença ainda é desconhecido. Por isso, a campanha do Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, busca promover o diagnóstico e a identificação dos doentes. Uma dessas pessoas é a contadora de histórias de Olhos d'Água, em Goiás, Nilva de Moraes, que tem 45 anos. Um dia, após um desmaio, buscou amparo médico e foi diagnosticada com Chagas. 

TEC//SONORA: Nilva de Moraes, contadora de histórias, afetada pela doença de chagas  

“Neste dia a minha vida desabou. Eu vim embora desesperada, vendi meu cavalo, vendi bicicleta, fiz até seguro funerário. E fiquei preparada. Aí eu fui inserida num tratamento de ponta do ambulatório do Hospital das Clínicas e depois que eu comecei o tratamento, lógico, que tem as restrições, mas eu tenho uma vida normal.”
 


LOC: O Ministério da Saúde possui hoje três programas específicos para tratar a doença de Chagas. Desde 2020, a notificação no Brasil ou a ser obrigatória, o que é considerado por especialistas um grande avanço para a implementação de políticas de acompanhamento, tratamento e prevenção. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reiterou o compromisso do governo no avanço do combate à doença.

TEC//SONORA: Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

“A doença de Chagas ainda pode afetar uma população de mais de 65 milhões. Sobretudo países da América Latina estão em risco. Já vencemos muitos desafios, já melhoramos as condições, mas a doença ainda persiste em função das desigualdades sociais. O Ministério da Saúde se compromete a continuar trabalhando para erradicar as várias formas dessa doença que será possível pelo esforço do sistema de saúde e pelo desenvolvimento socioeconômico dos nossos países”
 


LOC: Tradicionalmente, as pessoas relacionam a transmissão da doença com o inseto barbeiro. Ele deposita as fezes contaminadas após a picada, que entram em contato com a corrente sanguínea da pessoa e causam a infecção. Mas existem outras formas de transmissão: por meio oral, quando o alimento está infectado, de mãe para filho durante a gravidez e por transfusão de sangue, o que hoje é muito raro.  

Reportagem, Angélica Cordova