LOC.: Foi com um déficit recorde — de R$ 48,7 bilhões — que o governo fechou o mês de fevereiro em relação às contas públicas. No saldo receitas menos despesas, o resultado foi bem pior do que o alcançado em 2023, quando esse déficit ficou em R$ 26,5 bi. O governo federal pôs na conta dos pagamentos de precatórios o valor histórico — que arcou, no mês ado, com o pagamento de R$ 30,1 referentes a essas dívidas.
A alta conta é do governo, mas as consequência quem sente é a população, como explica o professor de economia da universidade Católica de Brasília, Matheus de Paiva. Ele ressalta que o governo pode se financiar de três maneiras: tributando mais, emitindo mais dívida ou desvalorizando a moeda.
TEC/SONORA: Matheus de Paiva, professor de economia da universidade Católica de Brasília
“Quem paga a conta é a população em qualquer um dos casos, se for tributo, vai pagar mais tributo — já está alto ajustado pela renda per capita e pelo IDH — se for dívida o governo vai pagar esses juros da dívida depois com tributos que ele vai tirar tirar da população; e se for desvalorizar a moeda a população paga com inflação. Dependendo da magnitude dessa senhoriagem podemos voltar para o período pré-Plano Real onde a gente vai para uma inflação descontrolada.”
LOC.: O ano começou com superávit primário de R$ 53,5 bilhões — o que foi registrado nos dois primeiros meses. Mas em 12 meses as contas acumularam déficit primário de R$ 268,2 bilhões. Esse valor corresponde a 2,44% do Produto Interno Bruto (PIB) que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Para o economista Luigi Mauri, o resultado mostra uma ineficiência do governo em não cumprir a meta de déficit estabelecida no ano ado.
TEC/SONORA: Luigi Mauri, economista
“Provavelmente essa tendência de aumento do déficit — por consequência do aumento do déficit zero — deve persistir até o final do ano, já que esse governo parte de um pressuposto de que se deve gastar mais para que se tenham benefícios sociais que afetam positivamente a população. De um lado você tem maiores gastos e de outro a incapacidade do governo de aumentar a arrecadação.”
LOC.: A dívida pública fechou fevereiro em R$ 8,3 trilhões — uma alta de 0,4 ponto percentual do PIB — saindo de 75,1% em janeiro para 75,5% do PIB em fevereiro. É o patamar mais alto desde junho de 2022 – quando somou 75,6% do PIB.
Reportagem, Lívia Braz